Os trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos estão esta sexta-feira em greve contra a denúncia do acordo de empresa pela administração. Apesar disso, a instituição vai pagar prémios aos trabalhadores que tenham sido avaliados positivamente e que tenham cumprido os seus objetivos no último ano.
Os funcionários da Caixa estão em greve contra a denúncia do acordo de empresa pela administração, que quer negociar condições menos vantajosas para os funcionários para controlar os custos salariais.
Apesar do “conflito” laboral, a CGD, segundo apurou o Público, vai partilhar os lucros que obteve em 2017 (52 milhões de euros) e já no primeiro semestre de 2018 (194 milhões de euros) com os seus trabalhadores. Para os trabalhadores, os bónus salariais podem oscilar entre os 500 e os 3000 euros.
Este prémio deverá chegar aos bolsos dos trabalhadores de CGD em setembro, mês em que vão arrancar as negociações para mudar o Acordo de Empresa, cuja denúncia pela gestão desencadeou a greve desta sexta-feira.
Ainda de acordo com o diário, as progressões anuais por mérito relativas a 2018, que continuam por se refletir nas remunerações dos trabalhadores visados, deverão avançar também em setembro. Estas serão ainda pagas com retroativos a janeiro.
Greve contra condições menos vantajosas
A convocação da greve é feita pelo Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo Caixa Geral de Depósitos (STEC), sindicato independente e o mais representativo do banco público, com milhares de associados, que considerou a denúncia do acordo de empresa “uma verdadeira declaração de guerra aos trabalhadores”, e pelo Sintaf – Sindicato dos Trabalhadores da Atividade Financeira (ligado à CGTP, pouco representativo).
Já os sindicatos da banca ligados à UGT e o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) preferem aguardar pelas negociações. Contudo, qualquer trabalhador da CGD, sindicalizado ou não, pode aderir ao protesto.
Em final de julho, quando a Caixa Geral de Depósitos anunciou lucros de 194 milhões de euros relativos ao primeiro semestre deste ano, a administração do grupo bancário denunciou o acordo de empresa.
Segundo disse à Lusa fonte oficial, a revisão das condições atribuídas aos funcionários é fundamental para “dar sustentabilidade futura à Caixa Geral de Depósitos”, considerando que não faz sentido fazer uma reestruturação que passa pela saída de dois mil trabalhadores, no total, até 2020, e depois “ser confrontado com condições não sustentáveis [da massa salarial] e não compatíveis a prazo”.
Ou seja, a CGD quer ter mecanismos para nos próximos anos controlar os custos com os salários dos seus funcionários. Contudo, não indica as metas de poupança que quer atingir anualmente com a revisão do acordo de empresa.
A mesma fonte indicou que o banco quer mexer nas diuturnidades (compensação monetária por anos de serviço, pagas a cada cinco anos), nas condições de reforma e nos serviços sociais (que garantem cuidados de saúde).
Entre as mudanças que pretende implementar, está a eliminação das promoções por antiguidade e das anuidades, alterações ao regime das promoções por mérito e redução do número de categorias profissionais.
Sobre ao crédito à habitação aos trabalhadores – que têm melhores condições do que no mercado -, a CGD refere que quer que haja as mesmas cautelas na concessão desses créditos do que no caso dos outros clientes.
Depois da denúncia do acordo de empresa, a CGD e os sindicatos têm 18 meses para negociar um novo texto, devendo as novas regras entrarem em vigor em 2020.
No final de junho, o grupo da Caixa Geral de Depósitos, liderado por Paulo Macedo, tinha 7.903 empregados em Portugal.
ZAP // Lusa