A mãe de uma rapariga de 15 anos que morreu de overdose está a tentar um diálogo com o traficante que forneceu a droga, na tentativa de consciencializar os jovens sobre os efeitos trágicos do consumo das substâncias tóxicas.
Em julho do ano passado, no Reino Unido, durante o verão, Martha Fernback foi com algumas amigas a um lago para andar de caiaque, perto da cidade de Oxford, onde vivia. A mãe conta que, no mesmo dia, recebeu uma chamada do hospital local a dizer que Martha estava em estado grave e que os médicos estavam a fazer de tudo para tentar salvar a sua vida. A rapariga sofreu um ataque cardíaco e morreu no mesmo dia.
Martha tinha consumido meia grama de pó de MDMA – uma substância confundida frequentemente com o ecstasy – logo depois de andar de caiaque. Os legistas descobriram posteriormente que o grau de pureza da droga era de 91% – muito acima do que é consumido normalmente e com graves consequências para a saúde.
A mãe de Martha, Anne-Marie Cockburn, conta que depois do trauma de perder a filha resolveu adotar uma “ação positiva” perante o caso.
“Eu acho que uma abordagem positiva em relação a isso em vez de me basear em raiva e vingança é uma atitude que me permitirá realizar mais coisas”, diz ela.
Trabalho comunitário
O diálogo com o traficante será mediado por um órgão do governo britânico chamado Youth Offending Team. A entidade é formada por polícias, assistentes sociais, professores, líderes comunitários e instituições de caridade, cujo objetivo é investigar as circunstâncias que levam jovens a cometer crimes, e trabalhar para evitar reincidências.
Esta semana, o traficante que vendeu a droga para Martha, Alex Williams – um jovem de 17 anos – foi condenado pela Justiça a trabalho comunitário.
Anne-Marie Cockburn contou à BBC que não sabe exatamente o que esperar do encontro com o traficante. A sua vontade é de formar um grupo de pessoas – que incluiria a si mesma e ao traficante – para visitar escolas e contar a história do episódio que levou à morte da sua filha.
Cockburn afirma que para se preparar mentalmente para o encontro ela passou um mês a pensar no assunto e a escrever sobre os seus sentimentos.
“Sinto muitas saudades dela, mas a raiva não vai me ajudar e não vai mudar o passado – mas a positividade pode mudar o futuro”, diz. “Martha não vai voltar mais.”
A mãe já esteve presente no mesmo espaço que Alex Williams durante o julgamento do traficante, e conta que sentiu “sensações muito mistas” na ocasião. Durante o julgamento, Williams disse estar muito arrependido de fornecer a droga a Martha.
“Eu sinto muito pela perda da mãe da Martha. Não há sequer um dia em que eu não pense no assunto, e estou completamente consumido pela culpa dos meus atos.”
ZAP / BBC