O Departamento do Comércio norte-americano suspendeu a isenção dos direitos de importação de aço e alumínio da União Europeia, Canadá e México, numa decisão que dispara as tensões comerciais e provocará represálias dos parceiros.
O Departamento de Comércio norte-americano anunciou hoje a suspensão da isenção à imposição de tarifas à importação de aço e alumínio da União Europeia (UE), o Canadá e o México, uma decisão que dispara as tensões comerciais e vai provocar represálias dos seus parceiros.
Antes de conhecida esta decisão, o primeiro-ministro português, António Costa, e a chanceler alemã, Angela Merkel, disseram em Lisboa que a União Europeia terá uma resposta comum a uma imposição pelos Estados Unidos de taxas aduaneiras ao aço e alumínio europeus.
“Decidimos não estender a excepção para a União Europeia, Canadá e Médico, pelo que estarão sujeitos a tarifas de 25% e 10%” na importação de aço e alumínio”, respectivamente, indicou o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, antes de terminar o prazo para a tomada de uma decisão sobre o assunto.
Ross ressaltou que “houve avanços nas conversas com a UE mas não foram suficientes para manter as isenções temporárias ou conseguir isenções definitivas”.
Além disso, apontou que “já não há data precisa” para o fim das negociações com o Canadá e o México sobre o Tratado de Livre-comércio da América do Norte (NAFTA), que “se prolongaram mais do previsto”, pelo que “também vão ficar sujeitos às tarifas”.
Não obstante, Ross precisou que Washington irá continuar as suas conversas com a UE, o Canadá e o México, já que se “pode continuar a falar com as tarifas em vigor”.
As tarifas entram em vigor esta sexta-feira, 1 de junho.
UE promete contra-atacar
A União Europeia anunciou esta quinta-feira que vai denunciar perante a Organização Mundial do Comércio (OMC) a decisão norte-americana de suspender a isenção dos direitos de importação de aço e alumínio e garantiu que irá responder de forma “proporcional”.
“Os Estados Unidos não nos deixam agora outra escolha que não seja a de recorrer à resolução de litígios da OMC e à imposição de tarifas adicionais sobre diversas importações dos EUA. Vamos defender os interesses da União em total cumprimento da lei comercial internacional”, declarou o presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker.
Num comunicado divulgado em Bruxelas pela Comissão Europeia imediatamente após o anúncio de Washington, Juncker reafirma que, para a UE, “estas tarifas unilaterais dos EUA são injustificadas e em discordância com as regras da OMC“.
“Isto é protecionismo puro e simples“, declarou o presidente do executivo comunitário.
Também a comissária europeia do Comércio, Cecilia Malmström, lamentou a decisão de hoje de Washington, afirmando que “hoje é um dia mau para o comércio mundial”.
“Fizemos tudo para evitar este desfecho. Agora que temos clareza, a resposta da UE será proporcional e de acordo com as regras da OMC. Vamos agora desencadear um caso de resolução de litígios na OMC, já que estas medidas dos EUA vão claramente contra as regras internacionais acordadas”, declarou Malmström.
“Também iremos impor medidas de reequilíbrio e tomar os passos necessários para proteger o mercado da UE do desvio comercial provocado por estas restrições norte-americanas”, acrescentou a comissária.
Lembrando que ao longo dos últimos meses falou “em inúmeras ocasiões com o secretário do Comércio norte-americano”, Wilbur Ross, a comissária Malmström lamentou ainda a atitude dos Estados Unidos ao longo das conversações, ao “usar a ameaça de restrições como forma de obter concessões da UE”. “Não é desta forma que fazemos negócios, e muito menos entre parceiros, amigos e aliados de longa data”, disse.