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Descoberto em Omã astrolábio que pode ser da frota de Vasco da Gama

Os investigadores acreditam que este astrolábio, recuperado no interior da nau portuguesa Esmeralda, naufragada na costa do Omã, é o mais antigo instrumento de navegação alguma vez descoberto.

Segundo a BBC, os arqueólogos marinhos pensam que o astrolábio encontrado, um instrumento muito usado pelos navegadores na época dos Descobrimentos para medir a altitude do Sol durante as viagens, seja do período entre 1495 e 1500.

O objeto seria um dos instrumentos  da nau Esmeralda, uma das embarcações portuguesas da frota de Vasco da Gama e que naufragou, em 1503, durante uma tempestade no Oceano Índico.

David Mearns, membro da Blue Water Recovery e que liderou a escavação, diz à emissora britânica que “é um privilégio encontrar algo tão raro, algo historicamente tão importante, algo que vai ser estudado pela comunidade de arqueólogos e que vem preencher uma lacuna”.

O astrolábio foi descoberto pelo investigador em 2014, sendo um dos quase três mil artefactos recuperados durante uma série de mergulhos ao local onde o navio se encontra, ao largo da costa do Omã.

O pequeno disco de bronze, que mede 17,5 centímetros de diâmetro e tem menos de dois milímetros de espessura, pode ser o mais antigo instrumento de navegação alguma vez descoberto, escreve a BBC.

Não era parecido com nada que tivéssemos visto antes e soube imediatamente que era algo importante porque conseguíamos ver dois emblemas. Um reconheci imediatamente que era um brasão português e outro descobrimos depois que era o brasão de D. Manuel I, o rei português naquela época”, afirma Mearns.

A equipa percebeu logo que se trataria de um astrolábio mas, como não conseguiam ver marcas de navegação definidas, foi necessária uma análise mais aprofundada. Foi aí que entrou o trabalho de cientistas da Universidade de Warwick que, através de tecnologia laser, revelaram marcas com intervalos de cinco graus à volta do disco.

“Sabemos que foi feito antes de 1502, porque foi quando o navio partiu de Lisboa e porque D. Manuel só subiu ao trono em 1495. Este astrolábio não ia ter o brasão do rei a não ser que fosse rei”, explica o investigador.

“Acho que é relativamente justo dizer que foi feito entre 1495 e 1500. Não sabemos o ano exato mas foi durante este período”, acrescenta. Segundo a BBC, os astrolábios dos marinheiros são raros e este é apenas o 108.º a ser confirmado.

Investigadores duvidam que astrolábio seja da frota de Vasco da Gama

Segundo investigadores contactados pelo Diário de Notícias, não restam dúvidas que o astrolábio é português, no entanto, não há provas de que pertencesse à Esmeralda.

“É uma descoberta extremamente rara. É uma peça excecional. Há apenas uma semelhante em Las Palmas. A questão é que surge num contexto de intervenção um pouco nebuloso. Não conhecemos os contextos da intervenção arqueológica e surgem muitas reticências quando esta é feita por uma equipa com antecedentes de caça ao tesouro”, diz José Bettencourt, arqueólogo subaquático.

De acordo com o investigador do Centro de História de Além-Mar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, o trabalho da Blue Water Recoveries “parte da presunção de que aqueles vestígios são parte da nau Esmeralda e todo o questionamento é feito para provar essa hipótese”. Porém, destaca, “em arqueologia, exploram-se os dados e só depois, cruzando com informação histórica, se pode colocar a hipótese”.

“Se este astrolábio pertence à tripulação do Vicente Sodré, é o mais antigo artefacto de navegação encontrado, mas se pertencer a outro navio português que se tenha perdido mais tarde, pode não ser”, alerta João Paulo Oliveira e Costa, professor catedrático da mesma universidade.

A descoberta da nau Esmeralda foi anunciada, em março do ano passado, pelo Ministério do Património e da Cultura de Omã. Segundo o professor, como Portugal ratificou a convenção de 2001 da Unesco, os achados pertencem ao país onde foram encontrados, mas podem ser estudados por investigadores portugueses.

De acordo com o Observador, Portugal não foi até agora oficialmente informado pelas autoridades desse país. No entanto, o Governo já afirmou a sua intenção de enviar peritos ao local para investigar o naufrágio da nau.

ZAP //

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