Líderes curdos do Iraque vão pagar pelo referendo, ameaça Erdogan

Kremlin / Wikimedia

Recep Tayyip Erdogan, Presidente da Turquia

O Presidente da Turquia, Recep Erdogan, disse que as autoridades curdas do Iraque vão “pagar um preço” por terem realizado um referendo sobre a independência do território, apesar da oposição dos países vizinhos.

Os curdos do Iraque apoiaram por esmagadora maioria a independência no referendo não vinculativo de 25 de Setembro. Desafiaram os países da região que receiam instabilidade, ou mais violência, nos seus territórios onde vivem grandes comunidades curdas. O Curdistão histórico espalha-se pelo Iraque, Irão, Síria e Turquia, avança o Público.

Anandaroop Roy

Mapa do Curdistão

Eles não estão a formar um estado independente, estão a abrir uma ferida regional onde podem espetar a faca”, disse Erdogan a membros do seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento na cidade de Erzurum.

Erdogan criou fortes laços comerciais com as autoridades curdas do Norte do Iraque, que despeja diariamente centenas de milhares de barris de petróleo na Turquia e que se destinam a ser distribuídos pelo mundo inteiro.

Não lamentamos o que fizemos no passado, mas as condições mudaram e o governo regional curdo, a quem demos o nosso apoio, tomou decisões contra nós e deve pagar o preço”, disse Erdogan.

Antes da realização do referendo, o presidente Turco, Recep Tayyip Erdogan, tinha ameaçado o povo curdo de os fazer passar fome.

Mais de 3,3 milhões de pessoas participaram na votação, o que representa 72,16% dos inscritos, indicou o porta-voz da comissão eleitoral, Sherwan Zarar, e o resultado do escrutínio, esperado para a noite de terça-feira, não deixa qualquer dúvida, com a maioria dos curdos a apoiarem o “sim” à independência.

O presidente do Curdistão, Massoud Barzani, afirmou entretanto que o referendo não seria logo seguido de uma declaração de independência, mas marcaria o início de “discussões sérias” com Bagdade para resolver os contenciosos.

No dia do referendo, as 12.072 secções de voto fecharam às 19.00 locais (20.00 de Lisboa), depois de o seu encerramento ter sido adiado por uma hora, perante o afluxo dos votantes, segundo as autoridades turcas.

Divididos entre o Iraque, a Síria, o Irão e a Turquia, os curdos nunca aceitaram o Tratado de Lausana, de 1923, que os privou de um Estado independente.

ZAP //

 

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