Michael Sara, autor principal do estudo, assegura: “Esta é a primeira nova que recuperamos com toda a certeza, tendo por base os registo chineses, coreanos e japoneses de há quase 2500 anos”.
A 11 de março de 1437, os astrónomos coreanos observaram aquilo que pensavam ser uma nova e brilhante estrela na cauda da constelação Escorpião, que 14 dias depois desapareceu.
No entanto, mais de 500 anos depois, cientistas conseguiram seguir-lhe o rasto e descobriram que se tratava apenas de uma explosão clássica de uma nova – uma nova anã de maior luminosidade – e conseguiram identificar o sistema de estrelas binárias que o causou.
“Esta é a primeira nova que recuperamos com toda a certeza, tendo por base os registo chineses, coreanos e japoneses de há quase 2500 anos”, assegura Michael Sara, astrofísico do Museu Americano de História Natural, em Nova Iorque, nos EUA, e principal autor do estudo publicado esta quarta-feira na revista Nature.
A investigação suporta a teoria de que a explosão de novas num sistema de duas estrelas pode-se produzir em ciclos de muitos milhares de anos, com possíveis períodos de hibernação.
Nesses sistemas, compostos por uma anã branca – resto estelar com pouco combustível nuclear – e outra estrela evoluída, a primeira vai buscar hidrogénio à companheira e provoca uma explosão termonuclear, que pode fazer a estrela brilhar até 300 mil vezes mais do que o Sol.
De acordo com Michael e a sua equipa, entre cada explosão há pequenas erupções mais pequenas de estrelas anãs novas e de sistemas binários intermédios. Não se tratam de entidades separadas, mas de um mesmo sistema que se repete várias vezes até 100 mil vezes durante milhares de milhões de anos.
Para o demonstrar, os peritos reviram os registos astronómicos históricos da universidade de Harvard, nos EUA, desde 1885 até 1993 e uma série de fotografias de diferentes décadas. As imagens corroboraram que em cada período, a mesma estrela se encontrava num estado distinto.
“Da mesma forma que um ovo, uma lagarta, uma larva e uma borboleta são todas as fases da vida do mesmo organismo, agora temos um forte apoio à ideia de que os sistemas binários são todos a mesma coisa vista em diferentes fases da sua vida”, sublinha Sara.
Ainda que fique por compreender a evolução destes sistemas, a descoberta permitiu desenvolver uma espécie de relógio astronómico para medir a idade de certas estrelas, através da data dos seus movimentos.