Cientistas da NASA pretendem usar urina humana para poder alimentar o fungo Yarrowia lipolytica, normalmente encontrado no queijo. A técnica poderia revolucionar as missões espaciais de longo curso.
Segundo o jornal britânico The Guardian, a NASA tem como objectivo usar a urina dos seus astronautas para produzir ferramentas e até alimentos.
O estudo, por mais estranho que possa parecer, pode revolucionar os planos de exploração de outros planetas e ser essencial para permitir ao Homem chegar a regiões distantes do universo.
A agência espacial norte-americana apresentou o projecto, focado no reaproveitamento dos dejectos humanos no espaço, durante a conferência anual da ACS, Sociedade Americana de Química, que decorreu em Washington entre os dias 20 e 24 deste mês.
Os cientistas querem usar a urina humana para alimentar culturas de Yarrowia lipolytica, fungo normalmente encontrado no queijo, que por sua vez seria usado para produzir materiais nutritivos para suplementos alimentares e filamentos que possam ser usados em impressoras 3D.
A Estação Espacial Internacional já usa uma impressora 3D para construir pequenos componentes e ferramentas, mas a ideia é que um dia possa produzi-los usando apenas consumíveis “cultivados” no espaço.
Segundo o projecto, a urina forneceria azoto aos fungos, enquanto as algas seriam fonte de açúcares, lipídios e ainda outros nutrientes. Os pequenos organismos seriam responsáveis por reciclar outro material gerado pelos astronautas, o dióxido de carbono expelido pela respiração. A intenção é evitar qualquer desperdício.
A NASA quer assim aumentar a autonomia das missões no espaço e viabilizar a exploração mais duradoura em planetas longínquos.
“Os astronautas vão ter que ser capazes de produzir os nutrientes e materiais de que precisem durante as viagens espaciais de longo curso”, explicou o biólogo Mark Blenner, investigador da Clemson University, na Carolina do Sul, e líder do projecto.
“Simplesmente, não haverá espaço para levar tudo o que precisam, e alguns nutrientes, medicamentos e materiais podem degradar-se ao fim de viagens de mais de três anos”, acrescentou Blenner.
A Agência já usa actualmente a urina e os vapores do suor e da respiração dos astronautas para fornecer 93% da água da Estação Espacial internacional, mas os astronautas não consomem o líquido reaproveitado – pelo menos para já.
Mas algum dia, lá terá que ser.
ZAP // Oficina da Net / The Guardian