O vulcão Ol Doinyo Lengai, na Tanzânia, encontra-se num local onde foram descobertas pegadas deixadas pelos nossos antepassados há 3,6 milhões de anos. E pode entrar em erupção enquanto está a ler este texto.
Segundo adverte uma equipa de cientistas, uma erupção massiva do Ol Doinyo Lengai, vulcão tanzaniano conhecido pelos locais como “A Montanha de Deus”, está iminente, e pode destruir para sempre um local chave da história da Humanidade.
“O vulcão pode entrar em actividade a qualquer instante“, diz Sarah Stamps, geofísica da Virginia Tech, nos EUA, citada pela revista The National Geographic.
O vulcão, com 2.331 metros de altura, encontra-se a menos de 115 km de Arusha, sítio arqueológico onde foram descobertas pegadas deixadas pelos nossos antepassados há mais de 3,6 milhões de anos, além dos vestígios de cerca de quatro centenas de pegadas humanas mais recentes, com “apenas” 19 mil anos.
Os geólogos colocaram em 2016 cinco sensores de movimento à volta do vulcão. para monitorizar a sua actividade e avaliar o risco de erupção. Em janeiro deste ano, registaram flutuações significativas nos valores registados, que indicam que parte do vulcão se está a elevar.
“Após estes sinais, a nossa equipa instalou três novas estações de observação geológica, capazes de recolher dados em tempo real”, explica Sarah Stamps.
Mais cedo ou mais tarde
A equipa de geólogos e geofísicos que observa o Ol Doinyo Lengai identificou outros sinais, como o aumento das emissões de gases e de pequenos tremores de terra na região, que permitem concluir inequivocamente que uma erupção da “Montanha de Deus” está iminente.
“Neste caso, iminente significa daqui a um ano, uma semana, ou daqui a um segundo“, explica Stamps. “Estes sinais são indicadores de uma deformação vulcânica que levará a uma erupção – mais cedo ou mais tarde”.
A investigadora acrescenta que não tem a certeza de que uma erupção chegasse a atingir os locais arqueológicos de Arusha: a menos de 115 km de distância, no sítio de Laetoli, as famosas pegadas milenares de hominídeos, e no sítio de Engare Sero, a chamada “dança do homo sapiens“, que imortalizou pegadas com pouco menos de 20 mil anos.
Mas, diz Cynthia Liutkus-Pierce, geóloga da Universidade Estatal de los Apalaches, “se a erupção coincidir com a época das chuvas, é possível que os enormes fluxos de detritos que se formariam podem destruir os achados para sempre”.
O Ol Doinyo Lengai é o único vulcão activo capaz de expelir lava rica em carbonatite, um tipo de rocha ígnea por vezes confundida com mármore. Esta lava, esguia e prateada, desloca-se mais depressa do que uma pessoa consegue correr.
Tipicamente, a actividade do Ol Doinyo Lengai está confinada ao seu cume, mas ocasionalmente a Montanha de Deus ruge de forma mais dramática. Em setembro de 2007, o vulcão expeliu uma nuvem de fumo a mais de 15 km de altitude, e lançou rios de lava que rasgaram a sua encosta oeste, deixado cicatrizes que foram visíveis do espaço.
E quando isso acontece, não adianta correr.
ZAP // The National Geographic
Se for como a mesma noticia de 26 de junho de 2016 do vulcão islandês Hekla se calhar não vai acontecer nada. Com previsões destas, enfim.