Uma equipa internacional de astrónomos detetou um planeta fora do Sistema Solar mais quente do que a maioria das estrelas – embora mais frio do que o nosso Sol. Segundo um estudo publicado na revista Nature, é o planeta mais quente conhecido no Universo.
O exoplaneta gigante gasoso KELT-9b é quase três vezes maior do que Júpiter, mas menos denso do que o maior planeta do Sistema Solar, e orbita a estrela maciça KELT-9, localizada a 650 anos-luz da Terra, na constelação do Cisne.
KELT-9b tem uma temperatura diurna que pode chegar aos 4.323,85ºC, sendo por isso mais quente do que a maioria das estrelas. Em relação ao Sol, é mais frio em 926,8ºC, destaca em comunicado a Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos.
Segundo o estudo publicado esta segunda-feira na revista “Nature”, e em cuja lista de contributos se inclui a do astrónomo amador português João Gregório, a radiação ultravioleta emitida pela KELT-9 é tanta, que o planeta pode estar a evaporar-se, a tal ponto que o planeta tem uma cauda de gás brilhante, como a de um cometa.
“É um planeta, segundo as definições típicas baseadas em massa, mas a sua atmosfera é diferente da de qualquer outro planeta que já vimos até agora, devido à sua temperatura durante o dia”, explicou Scott Gaudi, professor de astronomia da The Ohio State University e co-autor do estudo.
O facto de o KELT-9b ser extremamente quente, no lado que está iluminado, e de estar a ser continuamente bombardeado pela radiação estelar, não permite a formação de moléculas de água, dióxido de carbono e metano, elementos associados à vida.
A razão de o planeta ter uma temperatura tão elevada é o facto de a sua estrela, KELT-9, ter mais do dobro do tamanho do Sol e ser quase tão quente como o Sol. Dada a proximidade entre a órbita do planeta e a estrela, o KELT-9b poderá vir a ser ‘engolido’ pela estrela se esta se expandir.
O KELT-9b foi descoberto pelo método de trânsito, que deteta uma variação da luz causada por um planeta quando transita diante da sua estrela hospedeira, com o auxílio do telescópio KELT-Norte, do Observatório Winer, no Arizona, nos Estados Unidos.
Devido ao seu período extremamente curto, à sua órbita quase polar e ao facto de a sua estrela ser oblíqua em vez de esférica, os especialistas calculam que o planeta ficará fora de visão em cerca de 150 anos – e não voltará a estar visível até daqui a 3500 anos.
O pessoal desse planeta é que deve ter um bronze
«Astrónomos descobrem o planeta mais quente do Universo»
Já o compararam com todos os outros que existem para poder fazer semelhante afirmação? Que falta de sentido crítico…
Caro Rui,
Obrigado pelo seu reparo. No entanto, talvez o excesso de sentido crítico seja tão danoso como a sua falta.
Sem prejuízo de que clarificamos no texto que foi descoberto “o planeta mais quente conhecido no Universo”, a simplificação informal usada no título é perfeitamente aceitável, compreensível e pacífica.
“O Homem mais alto do Mundo” é “O Homem mais alto do Mundo”, até se descobrir outro mais alto, e ganha esse título sem que tenha que se comparar a sua altura com a de todos os outros homens do mundo.
Apesar de tudo, não é bem a mesma coisa. No mundo actual, onde já praticamente não existem comunidades completamente isoladas, é perfeitamente plausível que se saiba quem é o homem mais alto do mundo. Já o universo é imenso, com partes que nos são (e serão sempre) inacessíveis.
É louvável que publiquem artigos de divulgação científica, que necessariamente têm de ter uma linguagem simplificada, mas convém manter algum rigor científico para ajudar as pessoas a perceber a diferença entre a ciência e a fantasia. Quando essa distinção se esbate, aparecem leitores com “pérolas” a misturar mecânica quântica com “consciência cósmica”.
Caro Rui,
Compreendemos perfeitamente o seu ponto de vista. Mas o mais rigoroso dos nossos artigos sobre mecânica quântica não está a salvo da consciência cósmica.
Orgulhamo-nos de fazer divulgação científica, tentamos fazê-lo da forma mais rigorosa possível, sem deixar de a dirigir também aos mais leigos que nela estejam interessados.
E se os nossos títulos por vezes são simplistas, para mais facilmente fazer chegar esse esforço aos leitores nele interessados, não deixam por isso os textos em si de ser rigorosos – tanto quanto sabemos fazê-los.
É incrível uma notícia destas destinada a leitores portuguses ignorar que um dos descobridores é português, o astrónomo amador João Gregório que é co-autor do artigo!! Será que em Portugal só valem os 3 “F”, Futebol, Fátima e fado?
Caro Januário Bettencourt,
Obrigado pelo se reparo. Efectivamente, da lista de autores indicada no artigo não consta o João Gregório, cujo contributo é listado no entanto na lista de contribuições – informação que acrescentámos à nossa notícia.
“(…) os especialistas calculam que o planeta ficará fora de visão em cerca de 150 anos – não voltará a estar visível até daqui a 3500 anos” – Alguém consegue explicar estes cálculos? Eu não consegui!
Eu também não. Mas eu não sou astrónomo.
Acho que o problema é a nível do Português. Quando dizem “o planeta ficará fora de visão em cerca de 150 anos” eu inicialmente percebi que o planeta iria ficar invisível durante 150 anos. Por isso o prazo seguinte (3500 anos) entrava em contradição grosseira com o primeiro valor. No entanto, o que pretendiam dizer seria – “daqui a 150 anos o planeta ficará invisível durante 3500 anos”.
Caro António Gonçalves,
A frase está correctamente escrita, e tem o significado que refere.
“KELT-9b tem uma temperatura diurna que pode chegar aos 4.323,85ºC”, gostei dos 0,85ºC, esses astrónomos têm de virar os telescópios espaciais para a Terra para ver se passam a acertar melhor nas previsões meteorológicas para o nosso planeta.
Ainda gostava de saber quem foi o «cientista» que foi lá medir a temperatura….. para ter um valor «tão» exato…. com aqueles 0,85ºC……. quem for a ver foi com um termómetro digital feito pelos chineses… LOL
Ser ignorante é triste. Não o saber é trágico.