Astrónomos detetaram, pela primeira vez, um buraco negro supermassivo a uma grande distância do centro da galáxia hospedeira, com base em imagens do telescópio Hubble, anunciou esta quinta-feira a agência espacial europeia (ESA).
O buraco negro foi empurrado para fora do centro da galáxia 3C186, localizada a oito mil milhões de anos-luz da Terra, provavelmente devido à energia exercida pela radiação gravitacional.
As imagens da galáxia captadas pelo telescópio espacial Hubble (na foto), operado pela ESA, revelam um quasar brilhante, a assinatura da energia de um buraco negro ativo, situado longe do núcleo da galáxia.
“Os buracos negros estão nos centros das galáxias, logo é raro ver um quasar que não está no centro [da galáxia]”, assinalou o líder da equipa, Marco Chiaberge, astrónomo no Space Telescope Science Institute, nos Estados Unidos.
Um quasar é um corpo extragalático compacto que se assemelha a um ponto de luz e que emite mais energia do que centenas de galáxias supergigantes.
Um buraco negro é uma região da qual nada, nem mesmo a luz, pode escapar, em resultado da deformação da curvatura espaço-tempo provocada após o colapso gravitacional de uma estrela com uma matéria maciça e infinitamente compacta.
Os astrónomos estimam que o buraco negro em causa tem uma massa mil milhões de vezes superior à do Sol e que terá sido necessária uma energia equivalente a 100 milhões de supernovas para ser afastado do centro da galáxia 3C186.
Segundo os cálculos da equipa internacional de astrónomos, o buraco negro já viajou cerca de 35 mil anos-luz desde o centro da galáxia, mais do que a distância que separa o Sol do núcleo da Via Láctea, e continua a sua viagem a uma velocidade de 7,5 milhões de quilómetros por hora – a esta velocidade, o buraco negro poderia viajar da Terra para a Lua em três minutos.
Uma vez que um buraco negro não pode ser observado diretamente, a massa e a velocidade deste buraco negro supermassivo foi estimada a partir da análise espetroscópica do gás em volta.
Os astrónomos admitem como hipótese que o buraco negro supermassivo foi empurrado para fora do centro da galáxia 3C186 por ondas gravitacionais (deformações no espaço-tempo que se propagam como ondas) desencadeadas pela fusão de dois buracos negros com grande massa no centro da sua galáxia hospedeira.
“Se a nossa teoria estiver correta, as observações fornecem fortes indícios de que os buracos negros supermassivos podem, na verdade, fundir-se”, sustentou o astrónomo Stefano Bianchi, da Universidade Roma Tre, em Itália.
// Lusa