Cientistas das universidades de York, Leeds e Helsínquia dizem estar mais perto de descodificar o vírus da constipação comum, responsável também pela poliomelite e febre aftosa.
Os resultados da investigação, publicados esta quinta-feira na Nature Communications, revelam o funcionamento de um “código oculto” no genoma do ‘parechovirus’ humano, da família dos ‘picornavírus’ (pequenos vírus ARN – propensos a mutações genéticas).
O trabalho baseia-se numa descoberta feita em 2015, quando cientistas das universidades de Leeds e York, no Reino Unido, identificaram um conjunto de sinais “encriptados” no vírus de uma planta similar à estrutura do vírus que nos humanos causa doenças como a meningite nas crianças.
Os cientistas descobriram que os detalhes do mecanismo de descodificação eram idênticos em todas as estirpes de vírus, o que potencialmente permitia que um único fármaco os tratasse a todos – algo que já não era possível com uma vacina.
O que equipa está a fazer agora é procurar potenciais medicamentos antivirais que ataquem o mecanismo de encriptação.
Segundo Reidun Twarock, biólogo e matemático de York, até agora os cientistas assumiam que os sinais que regulam a montagem de um vírus estavam localizados numa única área do genoma, e que o que o estudo sugere é que na realidade o mecanismo depende de locais dispersos.
“A constipação comum afecta mais de dois mil milhões de pessoas por ano, tornando-a um dos agentes patogénicos com mais sucesso”, disse o responsável.
Descobrindo esse “código escondido” que é responsável pela formação do vírus é possível lutar contra ele, diz Peter Stockley, investigador da universidade de Leeds, citado pela Medical Xpress.
“A codificação funciona como as rodas dentadas de um relógio suíço. Precisamos de um medicamento que tenha o mesmo efeito que o de mandar areia para dentro do relógio. Todo o mecanismo viral podia ser desativado”, explica o cientista.
// Lusa