A diretora geral da Unesco classificou hoje como “um crime de guerra e uma perda imensa para o povo sírio e para a humanidade” a mais recente destruição de tesouros arqueológicos pelo Daesh em Palmyra, a “pérola do deserto” da Síria.
Informações e imagens de satélite confirmaram esta sexta-feira a destruição de vários monumentos na cidade antiga de Palmyra, no centro da Síria, retomada pelo grupo extremista autodenominado Estado Islâmico (EI) em dezembro último.
“Esta destruição deliberada é um novo crime de guerra. É uma perda imensa para o povo sírio e para a humanidade“, reagiu a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, num comunicado citado pela agência France Presse.
“Este novo golpe sobre o património cultural, poucas horas depois de a Unesco ter sido informada de uma execução massiva no antigo anfiteatro de Palmyra, mostra como a limpeza cultural conduzida pelos extremistas visa ao mesmo tempo as vidas humanas e os monumentos históricos, com a finalidade de privar o povo sírio do seu passado e do seu futuro”, acrescentou.
“A proteção do património é indissociável da proteção das vidas“, acrescentou Bokova.
Em Moscovo, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, considerou a nova destruição de monumentos uma “verdadeira tragédia”.
“O que se passa em Palmyra é uma verdadeira tragédia, do ponto de vista da herança cultural e histórica mundial”, declarou aos jornalistas, de acordo com a AFP, lamentando que “as ações bárbaras” continuem.
“Tanto quanto sabemos, as forças sírias não desistiram dos planos de libertar a cidade dos terroristas”, disse ainda o porta-voz do Presidente russo, Vladimir Putin, esclarecendo que “as tropas russas continuam a ajudar os sírios na luta contra o terrorismo”.
No início de dezembro, as milícias do Estado Islâmico surpreenderam ao retomarem a cidade histórica de Palmyra, um dos mais importantes centros culturais da antiguidade clássica, classificada pela Unesco como património da Humanidade.
Palmyra, cidade com mais de dois mil anos, está situada no grande deserto sírio limítrofe da província iraquiana de Al-Anbar. Situada cerca de 210 quilómetros a nordeste da capital síria de Damasco, a “pérola do deserto“, como é apelidada a cidade, tem uma grande importância estratégica para o grupo radical.
O Daesh começou em maio de 2015 por tomar Palmyra, que ocupou até março de 2016, altura em que as suas milícias foram expulsas pelas forças sírias, apoiadas por tropas russas.
// Lusa