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Desvendada a fonte das misteriosas ondas de rádio cósmicas descobertas há 10 anos

Jimwmurphy / wikimedia

Radiotelescópio do Observatório Very Large Array (VLA) no Novo México, EUA.

Radiotelescópio do Observatório Very Large Array (VLA) no Novo México, EUA.

Uma equipa de cientistas conseguiu, pela primeira vez, rastrear a origem das chamadas Rajadas Rápidas de Rádio, misteriosas ondas cósmicas descobertas em 2007. Estas rajadas potentes têm como fonte uma galáxia anã, mas ainda não se sabe o que é que as produz.

As Rajadas Rápidas de Rádio (ou Fast Radio Bursts – FRBs na sigla em inglês) são pulsos de ondas muito breves, que duram milésimos de segundos, mas muito potentes e têm sido um dos grandes enigmas na cabeça dos astrofísicos.

Mas uma descoberta recente está a ajudar a desvendar o mistério em torno destas ondas de rádio captadas no espaço.

De acordo com uma equipa internacional de astrofísicos, a fonte de uma destas rajadas será uma galáxia anã a mais de três mil milhões de anos-luz de distância da Terra, conforme se aponta na investigação divulgada na revista científica Nature.

Mais teorias do que Rajadas…

A revelação é um grande passo para solucionar o mistério, já que se tinha gerado muita especulação, incluindo teses envolvendo buracos negros e até inteligência extraterrestre.

As primeiras FRBs foram descobertas ainda em 2007, num arquivo de um telescópio australiano. Os astrónomos estavam a fazer outra pesquisa quando se depararam com uma rajada de ondas de rádio captada em 2001. Depois disso, outras 18 rajadas foram descobertas.

O autor deste novo estudo, Shami Chatterjee, da Universidade de Cornell, em Nova York, nos EUA, afirma à BBC que não será “exagero” dizer que há mais teorias sobre o que estas rajadas são do que FRBs já descobertas.

Na investigação, a equipa de cientistas usou radiotelescópios sofisticados do observatório Very Large Array (VLA), no Estado americano do Novo México.

Com a ajuda de equipamentos de alta resolução, os cientistas conseguiram determinar de maneira precisa a localização de um desses flashes de onda, conhecido como FRB 121102 e que tem como característica peculiar o facto de já ter ocorrido diversas vezes.

“Quando registamos, no ano passado, que um desses flashes estava a repetir-se, derrubamos muitas das hipóteses levantadas até agora. Isto porque sabíamos que, ao menos essa fonte, não podia ser gerada por uma explosão. Tinha de ser algo em que o mecanismo que a estava a produzir sobrevivesse até ao próximo flash“, explica o cientista na BBC.

Posto isto, os cientistas determinaram que “essa rajada vinha de uma galáxia anã, a mais de três biliões de anos-luz da Terra”, salienta Shami Chatterjee.

Tamanha distância reforça a ideia de quão poderosas são estas ondas de rádio.

Ainda há muito por desvendar

Todavia, o enigma das FRBs não foi totalmente desvendado e o professor Heino Falcke, que também estuda este assunto, embora não tenha estado envolvido na investigação, ressalta na BBC que ainda há diversos factores que precisam de ser explicados.

Uma das dúvidas que ainda precisam de mais análise prende-se com o motivo que explica porque é que essa FRB “tão espectacular” está numa galáxia tão pequena, destaca Falcke.

Além disso, não se sabe ainda explicar como é que estas Rajadas se produzem.

O professor Chatterjee e sua equipa já informaram que as pesquisas vão prosseguir para determinar mais detalhes sobre o fenómeno, nomeadamente para averiguar se todas as FRBs são produzidas da mesma forma ou se possuem origens diferentes.

ZAP // Oficina da Net / BBC

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