A Central Termoelétrica de Sines é a unidade que mais polui o ar em Portugal, enquanto a poluição dos recursos hídricos é liderada pela estação de tratamento de águas residuais de Matosinhos, segundo a Zero.
A Associação Sistema Terrestre Sustentável – Zero analisou os dados reunidos pela Agência Europeia do Ambiente (EEA na sigla em inglês) para as instalações em Portugal e fez dois rankings.
Nas emissões atmosféricas, a lista tinha 280 instalações e um total de 29 poluentes, e no meio aquático, foram avaliados dados de 56 instalações para 27 poluentes.
“O que fizemos foi verificar qual a posição que ocupavam em relação a cada poluente e depois avaliar o total dessas posições num ranking final” de todo o ano, disse hoje à agência Lusa o presidente da Zero, Francisco Ferreira, sublinhando que a classificação “não significa que as empresas não estejam a cumprir a legislação ao longo de todo o ano, e que não estejam a utilizar as melhores tecnologias disponíveis”.
No que respeita ao ar, “as cinco primeiras instalações têm na primeira posição a Central Termoelétrica de Sines, da EDP, seguida de duas fábricas de pasta de papel, da Portucel, em Setúbal e Cacia, respetivamente, depois a Unicer, em Leça do Balio, e em quinto lugar uma cimenteira, da Cimpor, em Alhandra“, relatou Francisco Ferreira.
Ainda na poluição atmosférica, seguem-se outras indústrias na área da refinação -a Petrogal-, novamente a pasta de papel, madeiras e alimentação animal.
Quanto à poluição dos recursos hídricos, são “acima de tudo de estações de tratamento de águas residuais e em primeira lugar está a ETAR de Matosinhos, em segundo a de Alcântara, em Lisboa, em terceiro a de Ribeira de Moinhos, em Sines, que recebe muitos efluentes industriais, em quarto a Sanest, na Costa do Estoril, e em quinto lugar a ETAR Norte, do sistema SIMRIA, em Aveiro“, apontou o presidente da Zero.
Na lista dos poluidores da água, seguem-se ETARs ou empresas relacionadas com a indústria, nomeadamente na área da pasta de papel.
O trabalho analisou a posição de cada unidade relativamente à emissão de cada poluente e de acordo com a informação obrigatória que as empresas têm de reportar a nível nacional e internacional.
A central de Sines “é uma instalação extremamente significativa em termos de poluição do ar e ocupa a primeira posição nas emissões de dióxido de carbono, de fluoretos e de compostos inorgânicos de flúor e de mercúrio”, descreveu.
Na poluição da água, referiu o ambientalista, “há casos significativos de emissão de metais pesados, por exemplo, a ETAR de Matosinhos ocupa a primeira posição nas emissões de cádmio, cobre, cianeto, chumbo e níquel”, mas, a de Alcântara ocupa a primeira posição em outros compostos “problemáticos, os chamados poluentes orgânicos persistentes, alguns deles carcinogénicos”.
Entre os poluentes, está o dióxido de carbono, um gás de efeito de estufa responsável pelas alterações climáticas, metais pesados, emitidos para o ar ou para a água, ou compostos que podem enriquecer em demasia o meio aquático com nutrientes, como o azoto ou o fósforo.
Estes poluentes podem ter efeitos nos ecossistemas e na saúde humana.
Um relatório da EEA, divulgado em junho, dava conta que 10 países da União Europeia continuavam em 2014 a ultrapassar os limites nacionais de emissão de poluentes do ar, mas Portugal, tal como o conjunto dos 28, cumpria as metas.
Quanto aos recursos hídricos, num acórdão divulgado em meados de junho, o Tribunal de Justiça da União Europeia (UE) condenou Portugal, além do pagamento da quantia fixa de três milhões de euros, a uma sanção pecuniária compulsória de oito mil euros por dia de atraso no cumprimento da diretiva relativa ao tratamento das águas residuais urbanas, em Vila Real de Santo António (Algarve) e Matosinhos.
/Lusa
Inadmíssivel!
Uma empresa que dá 1000 milhões de lucro tem “margem” mais que suficiente para apostar em mecanismos defensores do ambiente.
Como não lhes chega ainda ficaram indignados com a tarifa social para pessoas mais pobres. Vergonhoso!
O governo devia chamá-los à razão! A conclusão é que, supostamente, quando se fala em privatizar, pensam alguns que esta solução gera mais competência, maiores ganhos de produtividade, etc. Pura mentira. Retiram o lucro (que vai direitinho para a China) e o resto, nomeadamente o ambiente, que se lixe. Em matéria de ambiente, aliás, é só pensar um bocadinho e ver o que é a China. Uma vergonha autentica à escala do globo.
Caro Tuga, não fale daquilo que não conhece…
A central de Sines é das termoeléctricas a carvão menos poluidoras que há e recentemente foi feito um investimento de vários milhões de euros para a tornar menos poluente.
A questão é que quando não há chuva nem vento, as pessoas querem ligar o interruptor em casa para acender a luz. Para isso é necessário que a energia seja produzida de qualquer outra forma, ainda que mais poluente.