Uma equipa de arqueólogos desenterrou uma bala que terá sido disparada por Lawrence da Arábia e que prova a sua lendária história sobre um ataque a um comboio turco, durante a Grande Revolta Árabe, em 1917.
A bala, com quase 100 anos, foi encontrada após escavações que duraram 10 anos, em dezenas de locais do deserto árabe, no âmbito do projecto arqueológico Grande Revolta Árabe.
Os investigadores envolvidos na pesquisa, arqueólogos da Universidade de Bristol, no Reino Unido, acreditam, com uma “certeza de quase 100%”, que a bala é a que Lawrence da Arábia diz ter disparado, em 1917, numa emboscada dos rebeldes árabes a um comboio turco.
Este episódio é relatado no livro “Sete Pilares de Sabedoria”, as memórias de Thomas Edward Lawrence, oficial do exército, diplomata e escritor britânico que ficou mundialmente conhecido como Lawrence da Arábia.
A emboscada é até retratada numa das cenas do filme de David Lean, de 1962, em que Peter O´Toole veste a pele do lendário Lawrence, mas muitos achavam que não passaria de uma história inventada pelo britânico.
Lawrence terá tido um papel essencial na estratégia britânica de apoio aos rebeldes, durante a Grande Revolta Árabe, entre 1916 e 1918, contra os turcos otomanos, a que os alemães acabaram por se aliar.
O então oficial do exército terá feito a ligação entre os rebeldes e as forças militares do Reino Unido, participando em acções de guerrilha como aquela em que a bala agora encontrada foi disparada.
“Lawrence tem uma certa reputação como contador de gabarolices”, diz o investigador que liderou a pesquisa, Neil Faulkner, arqueólogo do Departamento de Arqueologia da UB.
“Mas esta bala e outras provas arqueológicas que desenterrámos, durante 10 anos de trabalho de campo, indicam quão confiável é o seu relato da Revolta Árabe nos Sete Pilares de Sabedoria“, acrescenta Faulkner.
Os investigadores estão “quase 100% certos” de que a bala foi “disparada pelo próprio Lawrence”, assegura Faulkner, que realça que há cerca de dois meses foi encontrada, no mesmo local, uma placa de um motor Hejaz Railway que pertenceria ao comboio atacado por Lawrence e pelos rebeldes.
“A bala que encontramos é de uma pistola automática Colt, um tipo de arma que se sabia que Lawrence tinha e que quase certamente não era usada por nenhum outro dos participantes na emboscada”, explica por seu lado o arqueólogo Nicholas Saunders, que também participou na pesquisa.
Saunders realça ser “extraordinário que, 100 anos depois, novas descobertas como esta ainda estejam a ser feitas, dando nova luz a uma guerra de guerrilha que ajudou a redefinir o Médio Oriente depois de 1918 – e cujas consequências ainda hoje estamos a viver“.
SV, ZAP