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Mais de 95 mil crianças e jovens não estão vacinados contra o sarampo

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Sanofi Pasteur / Flickr

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Embora não se saiba o número exacto, cerca de 5% das crianças e jovens até aos 18 anos não estão vacinados contra o sarampo, estima a Direcção-Geral de Saúde (DGS). Desde janeiro foram notificados 23 casos de sarampo em Portugal.

Tendo em conta que, de acordo com as estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE), residiam em Portugal, em 2015, cerca de 1 milhão e 900 mil crianças e jovens até aos 18 anos, cerca de 95.600 indivíduos nessa faixa etária (os tais 5%) não estarão vacinados.

Segundo o Público, este é o perfil de quem compõe as “bolsas de não-vacinados” que estão a preocupar os especialistas, numa altura em que já existem mais de 20 casos de sarampo confirmados e vários outros doentes estão em investigação.

Pais que não vacinam filhos “são negligentes e deviam ser responsabilizados”

Um ano depois de a doença ter sido declarada eliminada em Portugal, o pediatra Mário Cordeiro lamenta a negligência dos pais que não vacinam os seus filhos, considerando que deviam ser responsabilizados pelas consequências dos seus atos, apesar de reconhecer que é difícil instituir a obrigação de vacinar.

“Se morrer alguma criança não vacinada porque os pais não quiseram, não será isso passível de acusação de morte por negligência, como seria se morresse por andar de carro sem cadeirinha ou cinto de segurança?”, questiona Mário Cordeiro.

Atualmente, o Programa Nacional de Vacinação constitui uma recomendação das autoridades de saúde, mas as vacinas não são obrigatórias. O surto de sarampo que atinge neste momento a Europa tem sido relacionado com casos de pessoas que não querem vacinar os filhos.

Mário Cordeiro chegou a fazer parte de um grupo de trabalho que na Direção-Geral da Saúde estudou a possibilidade de tornar obrigatórias as vacinas.

“Não é possível porque qualquer obrigatoriedade exige apuramento de responsabilidades, que é muito complexo numa situação destas, e também coimas ou equivalentes, que iriam penalizar os mais desfavorecidos ou menos abrangidos pela informação”, afirmou.

Para Mário Cordeiro, a solução não passa por tornar obrigatório, mas antes por ser mais incisivo em “desmontar as enormidades e falsidades que se propagam pelas redes sociais contra as vacinas”.

“Dizer mal das vacinas é um luxo de um país que já não tem, como há bem pouco tempo tinha, casos diários de meningite ou mortes por sarampo, como aconteceu em 1994. A memória é demasiado curta e a arrogância demasiado grande”, declarou.

Segundo o pediatra, o fenómeno de pais que não querem vacinar os seus filhos deve-se a uma mistura de mal-entendidos e teorias da conspiração associados a uma ignorância história e fraca memória.

Alguns pais usam o argumento de que as vacinas “mexem” com a imunidade das crianças, usando-o como justificação para não as vacinarem. Perante isto, Mário Cordeiro explica que é isso mesmo que se pretende, sublinhando que se trata de uma coisa positiva, porque a criança fica com a imunidade para a doença sem sofrer os malefícios dela.

Desde janeiro foram notificados 23 casos de sarampo em Portugal e mais de 500 casos de sarampo foram reportados só este ano na Europa, afetando pelo menos sete países, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

ZAP // Lusa

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