Com origens irlandesas, a tradição define que os papéis de género podem ser revertidos durante um dia, de quatro em quatro anos.
As tradições em torno dos pedidos de casamento continuam firmes no século XXI, com os homens geralmente a ficarem encarregados de pedirem a mão das suas parceiras, frequentemente com um anel de diamante a simbolizar o compromisso.
Contudo, de quatro em quatro anos, os papéis são trocados. No dia 29 de Fevereiro, há uma tradição conhecida o Dia do Ano Bissexto, o Dia do Solteiro ou o Privilégio das Senhoras, que passa a batata quente para as mãos das mulheres.
A origem desta tradição é incerta, mas os primeiros relatos remontam a um pacto do século V entre os santos irlandeses Brígida de Kildare e Patrício, devido à frustração de Brígida com a demora dos homens em avançar com os noivados.
Outra história sugere uma lei de 1288, atribuída a Margarida da Escócia, que impunha multas aos homens que recusavam as propostas ou obrigava-os a dar presentes como luvas ou vestidos de seda às mulheres rejeitadas.
A lei definia ainda que as mulheres deviam usar um saiote vermelho por baixo do vestido quando faziam o pedido, relata o Ancient Origins.
No entanto, ambas as histórias são consideradas improváveis devido às idades e contextos históricos dos personagens envolvidos.
As estimativas sustentam que Brígida tinha apenas 10 anos quando Patrício morreu, enquanto que não há registos da lei de 1288 e Margarida tinha apenas cinco anos e vivia na Noruega nessa altura.
Mas a prática pode mesmo assim ter-se desenvolvido num contexto irlandês, onde os solteiros eram alvo de chacota e insultos, particularmente antes do período da Quaresma.
Durante a terça-feira de Carnaval, era comum os solteiros serem humilhados publicamente e os poemas a zombar de quem não era casado ganharam muita popularidade no século XIX.
Ao longo dos anos, vários países adoptaram ou adicionaram pormenores à tradição. Na Dinamarca, por exemplo, um homem que recusa uma proposta deve presentear a mulher com doze pares de luvas, simbolizando os seus dedos sem anel. Já na Finlândia, teria de lhe presentar com tecido suficiente para fazer uma saia.
Nos Estados Unidos, entre os séculos XVIII e XIX, a tradição das propostas no Ano Bissexto ganhou popularidade, mas era muitas vezes ridicularizada na imprensa e em postais, que mostravam os homens a ser amarrados ou forçados a casar-se. A tradição inspirou até a comédia romântica Leap Year, lançada em 2010.
Assim, o potencial emancipatório desta celebração ficou muito aquém e “ajudou a garantir que os homens continuassem a deter o poder em questões de matrimónio”, conclui Katherine Parkin, investigadora da Monmouth University, num estudo publicado em 2012 no Journal of Family History.
Atualmente, esta tradição é simultaneamente considerada feminista e sexista. E, dizia o jornal norte-americano The New York Times em 1976, “nestes tempos liberais, todos os dias são o Dia do Ano Bissexto“.
Mais uma patacoada importada? Não bastam já?
Pobres mulherzinhas fúteis, as que promovem e aderem a estes retrocessos civilizacionais.
Aparecem mascarados de brincadeiras inocentes, mas MULHERES que se prezam não se identificam com tais invenções.
Crianças pequenas não lhes encontram sentido ou graça. Pelos vistos, as criançolas crescidas sim.