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E se 24 de Junho fosse feriado nacional?

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José Gomes / Flickr

Estátua de D. Afonso Henriques em Guimarães

Não por causa do São João, mas por causa da Batalha de São Mamede. “É o dia 1 de Portugal”, explica vereador em Guimarães.

O dia 24 de Junho é associado imediatamente ao São João, pela maioria dos portugueses. É a grande festa no Porto, onde é feriado – tal como é feriado (local) em Braga, em Vila do Conde, ou em Vila Nova de Gaia.

Mas o dia 24 de Junho também terá sido o dia da Batalha de São Mamede. Em 1128, nos arredores de Guimarães, decorreu essa batalha decisiva entre as forças de D. Afonso Henriques e a sua mãe, D. Teresa.

D. Teresa governava o Condado Portucalense após a morte do marido, Henrique de Borgonha – e tinha uma forte aliança com Fernão Peres de Trava, da Galiza.

D. Afonso Henriques ganhou, mais tarde autoproclamou-se Rei de Portugal (1139), um estatuto reforçado em 1143 pelo Tratado de Zamora e reconhecido oficialmente em 1179, pelo Papa Alexandre III.

É por isso que há quem considere que a Batalha de São Mamede foi o início da fundação de um novo país: Portugal.

E, por isso, 24 de Junho deveria ser feriado nacional – é o que defende Miguel Oliveira, vereador da Cultura da Câmara Municipal de Guimarães.

Miguel, que só ocupa este cargo desde a semana passada (o antecessor Paulo Lopes Silva é agora deputado na Assembleia da República) estava a apresentar a programação cultural para o Verão em Guimarães, quando recuperou essa ideia e anunciou um convite ao primeiro-ministro Luís Montenegro – para ser o “presidente” das cerimónias do feriado municipal.

E até deixou uma sugestão: Montenegro poderia aproveitar o momento para anunciar que vai haver mias um feriado nacional.

“Só se fará justiça quando o 24 de Junho for feriado nacional. O primeiro-ministro foi convidado para presidir às cerimónias do Dia 1 de Portugal e, se vier, é uma óptima oportunidade para anunciar esta medida ao país”, cita o Jornal de Notícias.

O vereador tem noção de que a decisão não depende apenas do Governo, mas espera que o novo feriado seja anunciado antes de Outubro: o presidente Domingos Bragança vai deixar a Câmara.

“Este é o último mandato de Domingos Bragança e seria justo que fosse feito ainda no seu tempo. Se não puder ser agora, que seja, pelo menos, até 2028” – quando se assinalam 900 anos da Batalha de São Mamede

ZAP //

10 Comments

  1. 24 de Junho feriado nacional faz mais sentido, pelas razões apresentadas, do que a maioria dos feriados religiosos que continuam – numa república laica. Mas por razões semelhantes também o 25 de Julho (batalha de Ourique, 1139) e o 23 de Maio (bula papal de 1179) podiam ser feriado nacional. Também a conquista de Lisboa (25 de Outubro, 1147) merecia um feriado, nacional ou municipal. 14 de Agosto também poderia muito bem ser feriado nacional, para celebrar a importantissima Batalha de Aljubarrota (1385). E porque não um feriado para celebrar os Descobrimentos, o maior feito de Portugal? 22 de Agosto (1415), 13 de Novembro (1460), 12 de Março (1488) ou 20 de Maio (1498) seriam datas naturais.

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  2. cuidado com as datas que colocam ;

    não pode ter sido em 1928
    “”Mas o dia 24 de Junho também terá sido o dia da Batalha de São Mamede. Em 1928, nos arredores de Guimarães, decorreu essa batalha decisiva entre as forças de D. Afonso Henriques e a sua mãe, D. Teresa.””

    não pode ter sido em 1939
    “”D. Afonso Henriques ganhou, mais tarde autoproclamou-se Rei de Portugal (1939), um estatuto reforçado em 1143 pelo Tratado de Zamora e reconhecido oficialmente em 1179, pelo Papa Alexandre III.””

    até parece que a luta de D.Afonso henriques se passou no sec.XX

  3. Se, como terá afirmado o Sr. Presidente da República no discurso do último 10 de junho, os portugueses só se identificam pelo facto de serem universais, então o feriado devia ser no dia da criação do Universo. Não faço a mínima ideia em que dia foi, mas os nossos políticos sempre podem perguntar aos seus teólogos ecuménicos, e depois que legislem.

      • Sim. Foi Cristã. O Algarve iniciou o processo de cristianização no século III e a invasão muçulmana ocorreu no século VIII. Podemos dizer que, quando o Algarve foi tomado pelo Islão, já era Cristão há uns 500 anos. Se estiver com vontade de ler sobre o assunto, pode ler este texto: file:///C:/Users/gsilv/Downloads/content.pdf

  4. Na ausência da batalha de S. Mamede, haveria hoje um país de La Corunha a Sagres, Galécia, único pela diversidade de regiões, entre o nórdico e o mediterrâneo, uma imensa frente atlântica, com as capitais, religiosa (Compostela), laboral (Porto), política (Lisboa), turística (Faro). Não custa fantasiar (Declaração de interesses: tenho uma enormíssima afeição pela Galiza e pelos galegos, este, de facto, o único «povo irmão»).

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