17% das 942 vagas abertas para jovens médicos não tiveram candidatos

Secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) considera que a capacidade de contratação dos clínicos por parte do Estado será a verdadeira “prova dos 9”.

O anúncio do Governo para a abertura de um concurso com 1636 vagas para a contratação de recém-especialistas e médicos inativos, em 45 especialidades médicas, não foi bem recebida, já que 17% dos lugares não tiveram qualquer candidato. De acordo com as listas tornadas públicas ontem, foram admitidos 782 candidatos para 942 lugares.

À semelhança do que aconteceu nos últimos anos, o Governo optou por abrir um número de vagas para contratação superior ao número de médicos que terminaram a especialidade, tendo em vista a captação de clínicos que estejam a exercer funções fora do SNS. Este ano, por exemplo, formaram-se 1220 especialistas, de acordo com o número avançado pelo Jornal de Notícias. Como tal, nota o Público, estes números são recorrentes.

O jornal cita o aviso da Administração Central do Sistema de Saúde, onde constam as listas de candidatos admitidos e excluídos nas especialidades de anestesiologia, ginecologia/obstetrícia, medicina geral e familiar, medicina interna, nefrologia, ortopedia, otorrinolaringologia, pediatria e saúde pública e é possível perceber que 160 ficarão por ocupar, ou seja, 17% dos lugares.

No entanto, é importante ressalvar que este número não se irá automaticamente refletir em contratações para o SNS, já que pode haver médicos a não quererem contratualizar-se com o Estado. É este ponto que o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) considera ser a “prova dos 9“. “Dos médicos que se candidatam, cerca de 20% acabam por não aceitar a vaga e dos que entram no período experimental de 60 dias [após assinatura de contrato] cerca de 5% não ficam”, lembra o responsável.

Jorge Roque da Cunha salienta ainda que “não se aprendeu nada com esta política insana de não criar condições para as pessoas ficarem. No ano passado, cerca de 40% das vagas ficaram por ocupar”, explana. O responsável faz ainda referências ao “salário líquido de 1800 euros” e a elevada carga de trabalho exigido, com oito milhões de horas extra realizadas” como exemplos para a ideia de que o “Governo tem sido incompetente para fixar médicos”.

O mesmo representante aponta ainda a importância de o Governo fazer um esforço para aumentar as capacidades formativas em algumas especialidades carenciadas como anestesiologia, ginecologia, dermatologia e otorrinolaringologia.

ZAP //

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