11 anos depois, foi confirmada a descoberta da “rocha mais quente da Terra”

Gavin Tolometti

Amostra da rocha mais quente do mundo

Em 2011, investigadores da Universidade de Ontário encontraram uma rocha de vidro que continha pequenos grãos de zircónio, na cratera do lago Mistastin.

Essa rocha foi mais tarde analisada e constatou-se ter sido formada a 2,370 graus Celsius, como resultado de um impacto de asteroides.

Num novo estudo, publicado a 6 de abril na Science Direct, com amostras recolhidas entre 2009 e 2011, os investigadores conseguiram encontrar quatro grãos de zircónio adicionais, que confirmaram a descoberta de 2011 como sendo verdadeira.

Os investigadores também encontraram provas num local diferente, com a mesma estrutura de impacto que a rocha derretida — rochas criadas depois de rochas e solo derreterem, após a queda de um meteoro.

As amostras encontradas foram sobreaquecidas de forma diferente, em mais de um local, num grau superior ao anteriormente verificado, segundo a Sci News.

“Estamos a ter uma ideia muito melhor do quão quentes são estas rochas derretidas, que se formaram inicialmente quando o meteorito atingiu a superfície, e dá-nos uma ideia muito melhor da história do derretimento e de como arrefeceu nesta cratera em particular”, afirma Gavin Tolometti, estudante de pós-doutoramento da Universidade do Ontário Ocidental.

“Pode também dar-nos uma ideia para estudar a temperatura e o derretimento noutras crateras de impacto”, acrescenta.

“A maioria das provas preservadas, tais como amostras de vidro e amostras de fusão de impacto, foram encontradas perto do chão da cratera“, refere ainda o estudante.

“Ao aplicar este conhecimento a outras crateras de impacto, os investigadores poderão ser capazes de encontrar mais provas nas condições de temperatura encontradas noutras crateras, mas em estudos menos extensos”, diz Tolometti.

“Estamos a começar a perceber que, se queremos encontrar provas de temperaturas tão elevadas, precisamos de olhar para regiões específicas, em vez de selecionar aleatoriamente através de uma cratera inteira”, continua o estudante.

Segundo a equipa, esta é a primeira vez que se descobrem reidites — um mineral que se forma quando o zircónio sofre pressões e temperaturas elevadas — no local da cratera do lago Mistastin.

Os investigadores encontraram três reidites ainda preservadas nos grãos de zircónio, e provas de outros dois que tinham cristalizado quando as temperaturas ultrapassaram os 1.200 graus Celsius, e deixaram de ser estáveis.

Este mineral permite aos cientistas restringir melhor as condições de pressão, indicando que pode ter havido um pico de pressão entre 30 a 40 GPa (gigapascal).

Estas são as condições de pressão que foram criadas quando o meteorito atingiu a superfície, nessa altura. Quanto mais próximo estiver do evento de impacto, mais alta será a pressão.

Certos minerais que foram muito comprimidos por este evento, deixam para trás estruturas que podem ser estudadas.

“Considerando o tamanho da reidite nas nossas amostras, sabíamos que a pressão mínima que registou era, provavelmente, de cerca de 30 GPa”, afima Tolometti.

“Mas uma vez que há muitas reidites ainda presentes dentro de alguns destes grãos, sabemos que pode até estar acima dos 40 GPa“, prossegue.

“Isto dá-nos uma ideia melhor da quantidade de pressão produzida fora da zona de fusão, quando o meteorito atingiu a superfície”, realça o estudante.

“A zona de fusão terá, por defeito, pressões geralmente superiores a 100 GPa, altura em que uma rocha derreterá completamente, ou vaporizará fora dessas condições” conclui Gavin Tolometti.

Alice Carqueja, ZAP //

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