Cena de Guerra dos Tronos: aqueles pinguins vão mesmo saltar da falésia de 15 metros

Fenómeno raro: centenas de pinguins estão bem acima do nível do mar. Vão atirar-se ou não? Vão. E têm um motivo forte.

Centenas de pinguins com cerca de 6 meses de idade estão a caminho de uma falésia (de gelo) em Atka Bay, na Antártida.

Parece uma cena de A Guerra dos Tronos, quando a “Patrulha da Noite” se aproximava da famosa muralha de gelo, durante o Inverno.

Mas esta cena é real. E os pinguins nada têm além daquele pedaço de gelo, senão água. Lá em baixo. Bem lá em baixo, já que estão a cerca de 15 metros acima do nível do mar.

Vão fazer o quê?

Realisticamente, não era possível um humano acompanhá-los sem espantá-los; mas o fotógrafo Bertie Gregory usou um drone para se manter à distância desta cena cativante.

Primeiro, ainda ficam parados. A espreitar lá para baixo, a calcular distâncias.

Mas vão ficando cada vez mais próximos do fim da falésia, quase encurralados entre eles.

Até que o primeiro salta mesmo.

Os outros ficam a olhar (o pinguim sobreviveu e já procura comida). Logo a seguir, salta o segundo, depois o terceiro… E lá vão eles, tantos a saltar. Se estão juntos cá em cima, vão continuar juntos lá em baixo. Já na água, continham juntos, a nadar.

Era preciso?

Era. Porque tinham fome.

O pinguim em causa é um pinguim-imperador (Aptenodytes forsteri). E a revista National Geographic explica porque fazem isto.

O primeiro pinguim só demorou segundos a voltar à superfície já com peixe fresco, krill e lulas.

Os pinguins-imperadores costumam nidificar em gelo marinho flutuante que derrete e se desfaz em cada ano.

Mas, nos últimos anos, há pinguins a criar ninho na plataforma, provavelmente devido à crescente antecipação do degelo sazonal do gelo marinho – sim, consequência das alterações climáticas.

Os pinguins captados nestas imagens deverão ter nascido e crescido numa plataforma de gelo.

Este salto raro não estará directamente relacionado com as alterações climáticas e com o aquecimento da Antártida.

No entanto, há cada vez menos gelo marinho no continente (houve uma descida repentina nos últimos 8 anos) e, assim, mais pinguins-imperadores terão de crescer em plataformas de gelo, tal como estes. E este comportamento pode deixar de ser raro.

Aliás, noutra escala, há quem tema que as alterações climáticas façam desaparecer todos os pinguins-imperadores até 2100.

ZAP //

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