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Cientistas espanhóis criam ‘wormhole’ com um campo magnético invisível

Jordi Prat-Camps / Universitat Autònoma de Barcelona

O wormhole magnético desenvolvido pela equipa de Jordi Prat-Camps

O wormhole magnético desenvolvido pela equipa de Jordi Prat-Camps

Uma equipa de físicos de Barcelona criou um wormhole que pode transmitir um campo magnético de um ponto no espaço para outro, através de um caminho invisível.até agora, ninguém encontrou provas de que há mesmo wormholes no espaço-tempo.

De acordo com um dos co-autores do estudo, Jordi Prat-Camps, doutorando em física na Universidade Autónoma de Barcelona, em Espanha, “de um ponto de vista magnético, este dispositivo funciona como um wormhole, como se o campo magnético fosse transferido através de uma dimensão extra especial”.

A investigação foi publicada esta quinta-feira na revista Scientific Reports.

Um wormhole, ou buraco de verme, é um atalho hipotético que liga duas regiões do espaço-tempo. Contém duas entradas, as bocas, ligadas por um túnel, cuja circunferência mínima se chama garganta.

A ideia de um wormhole surgiu com Albert Einstein, em 1935. Einstein e o seu colega Nathan Rosen perceberam que a teoria da relatividade geral previa a existência de pontes que poderiam ligar dois pontos diferentes no espaço-tempo.

AllenMcC. / Wikimedia

Diagrama representativo de um wormhole

Diagrama representativo de um wormhole

Teoricamente, estas pontes Einstein-Rosen, ou wormholes, poderiam permitir que um objecto viajasse instantaneamente entre dois pontos a grande distância, mas eram extremamente pequenas, sem espaço para um viajante humano.

Os wormholes foram alvo de um estudo exaustivo, na década de 50, pelo físico americano John Wheeler e seus colaboradores. Mas nenhuma das soluções a que Wheeler chegou representa um wormhole transitável no espaço-tempo.

Até agora, ninguém encontrou provas de que há mesmo wormholes no espaço-tempo.

Mas já em laboratório, o conceito não é novidade.

O wormhole criado em Espanha não é um wormhole espacial, obviamente, mas é uma derivação da tecnologia da “capa de invisibilidade” proposta pela primeira vez em 2007, num estudo publicado na Physical Review Letters.

A construção do wormhole magnético

A equipa de Jordi Prat-Camps começou por assumir que os materiais necessários para construir um wormhole magnético já existiam e eram simples de encontrar, como os super-condutores.

Assim, projectaram um objecto com três camadas, que consistia em duas esferas concêntricas com um cilindro em espiral no interior.

Essa camada interior, essencialmente, transmite um campo magnético de uma extremidade para a outra do dispositoivo, enquanto as outras duas camadas servem para ocultar a existência do campo.

O cilindro interior foi feito com um material ferromagnético de mu-metal, uma liga metálica com 76% de Níquel, 17% de Ferro, 5% de Cobre e 2% de Cromo ou Magnésio.

Os materiais ferromagnéticos apresentam valores elevados de magnetismo, enquanto os mu-metais são altamente permeáveis e muitas vezes utilizados para proteger dispositivos electrónicos.

Jordi Prat-Camps / Universitat Autònoma de Barcelona

O dispositivo de Jordi Prat permite ocultar o campo magnético do wormhole e torná-lo invisíivel a partir do exterior

O dispositivo de Jordi Prat permite ocultar o campo magnético do wormhole e torná-lo invisíivel a partir do exterior

Uma fina camada constituída por um material supercondutor de alta temperatura, chamado óxido de ítrio-bário-cobre, foi usada para alinhar o cilindro interior, dobrando o campo magnético que viajava através dele.

O invólucro final foi feito de outro mu-metal, mas composto por 150 partes cortadas e posicionadas para cancelar de forma perfeita a curvatura do campo magnético pelo escudo supercondutor.

Por fim, o aparelho inteiro foi banhado em azoto líquido, uma vez que os supercondutores de alta temperatura exigem baixas temperaturas para funcionar.

Invisibilidade

Normalmente, as linhas de um campo magnético irradiam para fora a partir de um determinado local e deterioram-se ao longo do tempo. A presença do campo magnético deve ser detectável em todos os pontos em torno dele.

No dispositivo de Jordi-Prat, o wormhole afunila o campo magnético de um lado do cilindro para o outro, de modo que ele fica “invisível” quando em trânsito, parecendo ter origem em sítio nenhum na outra ponta do tubo.

“De um ponto de vista magnético, o campo magnético do íman desaparecendo numa das extremidades do wormhole, e aparece novamente no outro extremo”, explica o cientista catalão à LiveScience.

Aplicações médicas

A tecnologia poderia ter aplicações médicas. Por exemplo, as máquinas de ressonância magnética usam um íman gigante e exigem que as pessoas fiquem paradas num tubo para conseguir uma imagem de diagnóstico.

Se um dispositivo pudesse canalizar um campo magnético de um lugar para o outro, seria possível obter imagens do corpo com o íman colocado à distância, libertando as pessoas do ambiente claustrofóbico do aparelho.

Para tornar isso possível, porém, os investigadores teriam que modificar a forma de seu dispositivo.

A esfera é a forma mais simples de modelar, mas um escudo cilíndrico seria um formato muito mais útil.

ZAP / HypeScience

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