Visita de Zelensky aos EUA mostra falta de preocupação com Rússia, avisa o Kremlin

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Mikhael Klimentyev / Kremlin / EPA

Vladimir Putin durante reunião

Volodymyr Zelensky viajou para Washington na quarta-feira para a sua primeira viagem ao estrangeiro desde o início da ofensiva russa.

A presidência russa (Kremlin) considerou hoje que a visita do Presidente ucraniano aos Estados Unidos mostra falta de vontade de ouvir as preocupações da Rússia e empenho de Washington em travar “uma guerra indireta ‘de facto'” contra Moscovo.

“Vemos, com pesar, que, até agora, nem o Presidente [norte-americano] Joe Biden nem o Presidente [ucraniano, Volodymyr] Zelensky, disseram alguma coisa que pudesse ser vista como disponibilidade potencial para ouvir as preocupações da Rússia”, lamentou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

De acordo com Peskov, não houve “apelos genuínos à paz” ou “advertências” dos norte-americanos a Zelensky contra “o bombardeamento contínuo de edifícios residenciais em áreas povoadas do Donbass”, uma região no leste da Ucrânia parcialmente controlada por separatistas pró-Rússia e regularmente alvo das forças ucranianas.

“Isto mostra que os Estados Unidos vão manter uma linha de guerra indireta mas ‘de facto’ contra a Rússia até ao último ucraniano”, acrescentou o porta-voz do Kremlin.

Volodymyr Zelensky viajou para Washington na quarta-feira para a sua primeira viagem ao estrangeiro desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, em 24 de fevereiro. Na visita, recebeu novas promessas de ajuda financeira e militar, incluindo, pela primeira vez, o fornecimento do sistema de defesa antiaérea Patriot.

O embaixador da Rússia nos Estados Unidos, Anatoli Antonov, afirmou hoje que as ações norte-americanas conduzem a uma escalada da guerra de “consequências difíceis de imaginar“, reiterando o aviso feito por Moscovo.

Na quarta-feira, o ministro da Defesa russo anunciou que o aumento do fornecimento de armas pelos Estados Unidos à Ucrânia “vai agravar a guerra” e pediu para expandir o corpo militar russo em pelo menos 500.000 pessoas.

Os militares russos tinham cerca de 400.000 soldados contratados no seu exército de um milhão de membros antes do conflito na Ucrânia. Todos os homens russos de 18 a 27 anos são obrigados a servir nas Forças Armadas durante um ano, mas muitos usam adiamentos da universidade e atestados médicos para evitar o recrutamento.

O ministro da Defesa russo adiantou que a faixa etária do recrutamento será alterada para de 21 a 30 anos, e os recrutas terão a opção de servir por um ano ou assinar um contrato como voluntários.

Numa reunião na tarde de quarta-feira com o seu alto escalão militar, o Presidente russo, Vladimir Putin, disse que Moscovo iria usar as lições aprendidas no conflito para “desenvolver as Forças Armadas e fortalecer a capacidade das tropas”. Putin disse que seria dado um destaque especial ao desenvolvimento das forças nucleares, descrevendo-as como “a principal garantia da soberania da Rússia”.

Os Estados Unidos anunciaram uma nova ajuda militar à Ucrânia no valor de 1.850 milhões de dólares (1.750 milhões de euros), incluindo os mísseis Patriot, além de 850 milhões de dólares (cerca de 750 milhões de euros) em financiamento através da Iniciativa de Assistência à Segurança da Ucrânia (USAI, na sigla em inglês).

Parte da USAI será usada para financiar um sistema de comunicações por satélite, que provavelmente incluirá o Starlink, o crucial sistema de rede de satélites da SpaceX, de propriedade de Elon Musk.

ZAP //

1 Comment

  1. O contínuo bombardeamento de infraestruturas civis, incluindo residências, também contribui para o escalar da guerra. E um possível envolvimento directo da Bielorússia também – embora esta hipótese seja pouco provável porque Lukachenko não tem interesse nem legitimidade para se meter nisso.

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