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Vírus “zombie” estão a acordar 50 mil anos depois graças ao degelo do pergelissolo siberiano

Jesse Allen e Robert Simmon/Wikimedia Commons

Imagem a cores da terra em redor de baías russas, pontilhada por lagos termocársticos resultantes da água proveniente do degelo do pergelissolo

Perigo é “cada vez mais evidente”: enquanto estamos atentos às ameaças climáticas que vêm do sul, como doenças tropicais, podem estar a surgir simultaneamente ameaças do norte, em degelo.

As autoridades de saúde globais, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estão a soar o alarme sobre uma potencial nova crise de saúde: o despertar de antigos “vírus zombie” provenientes do pergelissolo — a camada do subsolo permanentemente congelada.

Alguns destes patógenos atingem os 50 mil anos de idade e foram desenterrados de camadas do pergelissolo da Sibéria, segundo uma investigação partilhada esta segunda-feira em relatório da Bloomberg. As preocupações intensificaram-se numa fase pós-Covid-19, dada a ausência de imunidade e de tratamentos disponíveis para estes vírus.

O principal culpado para o despertar destes gigantes zombies é, mais uma vez, o aquecimento global, que está, enquanto lê este artigo, a descongelar esta camada permanente. Uma vez que o Ártico poderá ficar sem gelo até aos verões da década de 2030, a libertação de patógenos antigos apresenta uma nova frente de riscos.

Paralelamente aos gases com efeito de estufa, como o metano, os patógenos dormentes no pergelissolo representam um perigo subestimado.

No ano passado, segundo o Financial Express, a equipa liderada pelo professor na Universidade de Aix-Marselha, Jean-Michel Claverie, que está a estudar estes zombies, publicou uma investigação que revelou que múltiplos vírus antigos extraídos do pergelissolo siberiano continuavam infecciosos.

Perigo é “cada vez mais evidente”

A reanimação de patógenos não é apenas teórica. Um surto de antraz na Sibéria em 2016, ativado por uma onda de calor, resultou em inúmeras infeções e levou à morte de milhares de renas e de uma criança.

Um estudo separado deste ano também conseguiu reanimar um nematelminto com 46 mil anos, acrescentando outra camada de preocupação.

Segundo Claverie, o perigo é “cada vez mais evidente”: enquanto consideramos normalmente ameaças climáticas a emanar do sul, como doenças tropicais, também poderão estar a surgir ameaças do norte, em degelo.

A OMS tem monitorizado doenças infeciosas desconhecidas contra as quais os humanos nem têm imunidade nem terapias medicinais para tratar. A organização incluiu uma “Doença X” genérica na sua lista de patógenos prioritários que requerem investigação urgente.

Embora a investigação esteja a tornar-se cada vez mais complicada devido a tensões geopolíticas e ao medo do desencadeamento de novas pandemias, permanece essencial.

ZAP //

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