Vinho do Porto e presunto: Macron é tão humano que “parece demais”

Yoan Valat / EPA

Emmanuel Macron, novo presidente da França

Emmanuel Macron, novo presidente da França

Emmanuel Macron gosta de vinho e de presunto portugueses, de uma boa conversa e fala com todos, do patrão ao empregado, na cantina gourmet “Da Rosa”, em Paris, que já serviu Jacques Chirac.

O patrão da cantina gourmet “Da Rosa”, José da Rosa, é um amigo de longa data de Emmanuel Macron, eleito este domingo para a presidência da República francesa, e com quem fala de política, da família, de França e de Portugal, gostando de o aconselhar na descoberta de vinhos e produtos gourmet “made in Portugal”.

“O vinho que ele bebia de cada vez era um vinho do Douro. Também estou a importar o vinho do Pedro Vasconcelos e Sousa que tem uma adega que é uma das mais bonitas de Portugal que está no Alentejo, no Freixo”, contou José da Rosa durante a campanha eleitoral.

“Eu disse há uns meses ao Emmanuel: Tens que provar este que ainda é melhor que esse do Douro”, e desde esse dia provou, gostou muito e quando vem é esse“, acrescenta José da Rosa.

Emmanuel Macron também gosta de beber, em ocasiões mais especiais, um copo do Freixo Family Collection, “o melhor do melhor“, e José da Rosa espera levar o vinho português para os salões do Palácio do Eliseu, onde o seu presunto pata negra já tinha deliciado o antigo presidente Jacques Chirac, mesmo a altas horas da noite.

“Também gosta de vinho, mas gostava muito de presunto. O presunto, ele guardava-o na cozinha dele privada, e quando acordava de noite ia cortar, bebia uma cerveja e cortava com a faca dele o presunto que a gente lhe vendia”, recordou.

À mesa de Emmanuel Macron, no restaurante “Da Rosa”, no bairro de Saint-Germain-des-Près, é habitual haver “presunto português ou espanhol pata negra, uma sopa do dia”, alcachofras italianas, “lardo di colonnata” italiano. E o então candidato ao Eliseu ia provando sugestões de José da Rosa, como um queijo português do Alentejo.

“Eu sempre lhe disse: ‘Um dia serás presidente, vais esquecer José da Rosa“. “Não, a gente é muito fiel”, disse-me ele e a Brigitte. “Depois da eleição, quer passe ou não passe, eu estou aqui outra vez”, prometeu Macron, com José a afiançar que se ele for eleito Presidente de França isso não vai modificar a amizade.

Pela cantina gourmet já passaram atores como Jean Dujardin, Marion Cotillard, Gilles Lellouche, Omar Sy e Vincent Lindon, políticos como o ex-primeiro-ministro Manuel Valls, o comissário europeu Pierre Moscovici ou o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Laurent Fabius, mas Macron e a esposa Brigitte são dos mais fiéis.

Ele sempre foi muito humano com todas as pessoas, seja o patrão, o diretor, o empregado, o preto, o branco. É uma coisa que gosto muito nele é ser tão humano que até pode parecer demais. Lembra-se do nome das pessoas”, conta José da Rosa.

“A Brigitte é uma pessoa muito simpática, agradável, que está muito, muito perto dele, ajuda-o muito e sempre vieram juntos”, diz.

José da Rosa foi “um dos primeiros fãs” de Emmanuel Macron, que recebe “há 11, 12 anos”, tendo acompanhado a sua carreira e tendo-lhe sugerido “há dois anos e meio”, quando ainda era ministro da Economia, que se candidatasse a Presidente, ao que Macron respondeu que refletiria mais tarde, depois de concretizados os projetos no governo.

O franco-português de 52 anos, que chegou a França com seis anos, acredita que Macron “pode modificar a vida dos franceses e da França“, um país que precisa de “um eletrochoque” – por isso, votou no candidato centrista e sempre o defendeu perante os seus “800 clientes”, vizinhos, familiares e amigos.

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