Vídeo de sexo usado para “prejudicar carreira” de tenente exemplar (e nem era ela nas imagens)

O caso de um vídeo com conteúdos sexuais colocado a circular nas redes sociais e no WhatsApp está a abalar o Exército. Uma tenente “imaculada” e “promissora” é visada no vídeo, mas nem sequer é ela nas imagens. E suspeita-se que alguém quis “prejudicar-lhe a carreira”.

O vídeo em causa, com conteúdos sexuais, foi colocado a circular nas redes sociais e em grupos de WhatsApp de militares, insinuando-se que a tenente seria a protagonista das imagens, conforme reporta o Correio da Manhã (CM).

As imagens acabaram por circular também fora do círculo das Forças Armadas.

O vídeo terá sido retirado de um site de conteúdos pornográficos e não terá nada a ver com a tenente. A protagonista será uma actriz pornográfica italiana.

É o próprio Exército que faz a defesa da tenente numa nota interna a que o CM teve acesso, frisando que “condena e repudia de modo veemente a inqualificável devassa da vida privada da militar e a infame associação de conteúdos de índole pornográfica à imagem de uma sua briosa oficial que se disponibilizou generosamente a colaborar no esforço de recrutamento”.

Um dado peculiar é que o vídeo foi divulgado um mês depois de a tenente ter sido escolhida para dar a cara numa campanha de recrutamento de oficiais no regime de contrato.

Após a divulgação do vídeo, a campanha foi reformulada com a retirada da imagem da tenente, segundo avança o CM.

Fontes militares ouvidas pelo jornal referem que a divulgação do vídeo e a errada associação à militar denotam a intenção de a “denegrir”, de “humilhá-la como mulher” e de “prejudicar-lhe a carreira”.

Foi a própria militar, com uma carreira “imaculada” e “promissora”, segundo reporta o CM, a denunciar a situação aos seus superiores hierárquicos no Exército que fizeram queixa à Polícia Judiciária Militar.

O Exército também abriu um processo de averiguações ao caso.

Na nota do Comando de Pessoal do Exército, vinca-se que houve “uma onda de reacções, nas redes sociais, bastantes das quais ofensivas e muito desagradáveis, as quais se abateram sobre a referida Oficial e a sua família de forma violenta”.

O Exército refere ainda que “de imediato solidarizou-se com a referida militar e a sua família, disponibilizando todo o apoio tido por necessário, nomeadamente apoio psicológico”.

Paradigmático é que este caso tenha surgido poucos meses depois de o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, ter criado um grupo de trabalho para a estudar a implementação de um mecanismo formal para a denúncia de situações de discriminação e assédio sexuais, e de violência de género nas Forças Armadas.

Actualmente, não existem dados quanto ao número de casos de assédio sexual reportados na instituição devido à inexistência desse mecanismo.

O efectivo total das Forças Armadas inclui apenas 11,4% de mulheres.

ZAP //

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