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“Cenário dantesco” e “vergonha nacional” no Aeroporto de Lisboa (e as filas ainda vão piorar)

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Mário Cruz / Lusa

As longas filas no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, só estão agora a começar e vão piorar. Esta é a certeza numa altura em que já se verifica um “cenário dantesco” perante o regresso “em força” dos turistas. Mas o que seria uma boa notícia para a economia portuguesa está a revelar-se uma “vergonha nacional”.

“Pior parece-me impossível”. É deste modo que o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira, lamenta as longas filas no aeroporto Humberto Delgado, considerando, em declarações ao Dinheiro Vivo, que são “uma vergonha nacional”.

Nos últimos dias, o afluxo de viajantes levou a esperas superiores a três horas.

No passado dia 4 de Junho, “foram processados, no total, mais de 36 mil passageiros, por um efectivo de 63 inspectores do SEF [Serviço de Estrangeiros e Fronteiras]”, como reporta a TSF, notando que, “no período da manhã, o mais movimentado, cada inspector terá controlado em média, e sem interrupções, 1,6 passageiros por minuto“.

Mas neste domingo, 12 de Junho, o cenário agravou-se e uma inspectora do SEF no aeroporto de Lisboa alerta, através da TSF, que estas filas não só vão continuar, como vão piorar. “Esperamos muito mais” com o arranque oficial do Verão, destaca.

Na análise do actual momento, o presidente da APAVT fala de um “cenário dantesco” em declarações à TSF, lamentando que “as implicações podem ser em todo o turismo”.

“É o primeiro momento do encontro do turista que escolheu Portugal para visitar e tudo o que está a acontecer no aeroporto pode estragar toda a estada do turista, pode fazer com que ele não volte, pode provocar péssimas recordações“, avisa Pedro Costa Ferreira.

Políticos “a brincar aos aeroportos”

Este responsável aponta o dedo aos políticos que “continuam a brincar aos aeroportos”, como diz na mesma Rádio. “Não soubemos, uma vez mais, fazer o trabalho de casa e continuamos a falar e a não trabalhar”, refere Pedro Costa Ferreira.

“O turismo é uma relação entre pessoas. Tratar as pessoas deste modo, quando elas estão a entrar no país, é cuspir na cara de quem nos estendeu a mão“, vinca ainda o presidente da APAVT em declarações ao Dinheiro Vivo.

“Os dois anteriores ministros da Administração Interna prometeram resolver o assunto. Não fizeram absolutamente nada, e um deles ainda contribuiu activamente para provocar mais tensão entre as partes. Poderão estar de consciência tranquila?”, questiona Pedro Costa Ferreira.

“O actual ministro da Administração Interna [José Luís Carneiro], pessoa de quem tenho a melhor das impressões, já comunicou que o problema seria resolvido até final do mês. Aguardamos, com esperança“, acrescenta.

Aumento do turismo e infraestrutura desadequada

A inspectora do SEF Ana Vieira constata que as longas filas de espera no aeroporto de Lisboa reflectem o aumento exponencial do turismo e uma infraestrutura desadequada para o número de passageiros.

“Muito honestamente, não estávamos preparados para este aumento exponencial de turismo e de passageiros”, assume Ana Vieira em declarações aos jornalistas.

“A própria infraestrutura, como o senhor ministro da Administração Interna já disse, também não está adequada a esta realidade“, acrescenta a inspectora.

A espera verificada, nesta domingo, “significa que com as posições [de controlo de entradas], todas ocupadas, não conseguimos minorar os tempos de espera”, admite ainda Ana Vieira, salientando que “entre as 5:00 e as 14:00 foram controlados mais de 11 mil passageiros, com todas as 16 posições ocupadas, e ainda com os e-gates [de entrada rápida] a funcionar”. Apesar disso, ainda houve “uma espera de aproximadamente duas horas”, sublinha.

Plano de contingência do Governo pode não ser suficiente

Ana Vieira afirma ainda que o SEF tenta “adequar o Plano de Contingência [definido pelo Governo] à realidade” com que se vai “deparando”. “Mas eu tenho muita experiência de aeroporto e não me recordo nunca destes tempos de espera, nem deste volume de passageiros, é uma realidade nova”, constata.

O Plano de Contingência do Governo prevê a contratação de mais efectivos para o SEF e a alocação de outros departamentos para o controlo das chegadas. Ana Vieira espera que essas medidas possam melhorar a situação, mas não dá garantias.

Ana Vieira salienta ainda que o trabalho do SEF não é apenas controlar as chegadas e partidas de passageiros e vincou a pressão a que estes trabalhadores estão sujeitos.

“Temos esperança que a situação melhore, não só para os passageiros, mas também para nós, porque a pressão a que estamos sujeitos é muito forte“, vinca também Ana Vieira.

Reforço de pessoal nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro

O SEF justifica a razão da “demora acentuada” com um pico de passageiros, nomeadamente de 3 mil voos que são controlados por esta entidade.

Em comunicado, o SEF recorda que o Plano de Contingência para os aeroportos portugueses – também implementado em anos anteriores – iniciou-se a 2 de Junho e estará a funcionar em pleno só a partir de 4 de Julho, altura em que o reforço de 238 efectivos do SEF e da PSP ficará completo, totalizando 529 elementos.

Os três aeroportos mais reforçados ao longo deste período com recursos humanos são o de Lisboa (mais 102 elementos policiais, ou seja +73% do efectivo), do Porto (mais 49 elementos, +122%) e de Faro (com mais 45, representando +76%), segundo o SEF.

A entidade refere ainda que esta semana também está programado o alargamento da utilização das e-gates, no projecto RAPID4ALL, a mais duas nacionalidades, designadamente Canadá e EUA, aumentando para sete as nacionalidades que passam a poder usar esta funcionalidade nas entradas nos aeroportos nacionais.

Já no domingo, a entidade que gere os aeroportos nacionais, a ANA Aeroportos, tinha alertado para os tempos de espera a que os passageiros estavam sujeitos, atribuindo-os à “insuficiência de recursos e de postos de controlo de fronteira SEF em funcionamento”.

ZAP // Lusa

27 Comments

  1. É a palhaçada de Abril no seu melhor. Ao fim de quase 50 anos de “democracia” dizem eles, ainda não conseguiram fazer nenhuma obra estrutural no país digno desse nome.
    O que vale é que o anterior regime, deixou obras que ainda hoje são fundamentais para este país funcionar , Hospitais Santa Maria , Ponte Salazar , Hospitais São João , Aeroporto de Lisboa etc.etc etc , a lista não tem quase fim.

    • Mais um velho do Restelo com saudades do ditador… talvez um preveligiado que vivia bem com a miséria e atraso do país antes do 25 de Abril…
      Não conheces o país e, se até agora não abriste a pestana, já não chegas lá…

      • Confirma-se: ignorante, mal educado e com a mania da superioridade!!
        Já faltou mais para a “elite” do Salazar ir toda ter com ele – ao inferno!…

        Comparar as infraestruturas de Portugal de hoje com as do tempo do Salazar, é como comparar uma formiga com um elefante!!

      • Ignorante? Ahahah
        Compare o estado do país de antes do Estado Novo, até 1974 e desse ano até aos tempos atuais e veja qual foi o maior desenvolvimento.
        Isto sem falar de que o que se investiu antes de 74, era tudo dinheiro nacional e agora é tudo dinheiro europeu. Ou seja sem os fundos europeus não fazemos nada que se compare a antes da palhaçada de abril

      • Sim, sim… e a Terra é plana…
        Vá, já tiveste a atenção que querias, agora volta lá para a tua caverna…

      • Que mentalidade venezuelana! Vai para a Coreia do Norte, pois é o que merecem aqueles que têm uma vista tacanha, falsa!

      • Não vale mas, de vez em quando, tem de ser; a ver se estas criaturas voltam para o buraco onde vivem…

      • És tão risível que só se confirma aquilo que já disse. Palhaço de abril. Não passas de um borra botas que a roubacracia deu voz.amanhã dão voz às paredes e já podes perdelhar à vontade

  2. É a palhaçada de Abril no seu melhor. Como em quase 50 anos de ” roubacracia” não conseguiram fazer nenhuma obra estrutural no país digno desse nome , o que nos vai salvando é o que o anterior regime nos deixou, ou o que resta dele …

  3. SEF e ANA…
    O Aeroporto de Lisboa parece os aeroportos ingleses; se a maioria desses turistas forem britânicos, já estão habituados…
    “Manchester, Heathrow, Gatwick and Bristol airport chaos with Brits in 3-hour queues”
    31 May 2022

  4. Porque não tentam gerir melhor os horários dos voos vindos de fora da zona Schengen, por forma a que os passageiros de diferentes voos não cheguem todos ao mesmo tempo????
    Não obstante 1,6 passageiros por minuto e agente parece-me um pouco de mais para validar um passaporte. A validação electrónica é bem mais rápida, porque não colocam mais postos destes?

  5. Não comento a situação do SEF, a qual já é delicada, devido talvez ao desgoverno desde que o organismo existe… no entanto, quer parecer que caldo está preparado para talvez justificar a necessidade urgente de um novo aeroporto, onde milhões foram gastos noutros, e outros nem passaram do papel ((in)felizmente) cuja utilidade é questionável.

    Aos anos que se fala do novo aeroporto de Lisboa, e não se acerta com a localização… não seria benéfico otimizar o que ainda existe? Será necessário um aeroporto para que os A380 e equiparáveis aterrem em Lisboa? justifica? Não poderia existir maior coordenação entre os aeroportos de Lisboa e do Porto (~320km de distância), melhorando significativamente os transportes públicos?

    Justifica um novo aeroporto, quando nos pedem que precisamos descarbonizar? ou será que os aviões não poluem?

    É certo que o Aeroporto de Lisboa se encontra muito “dentro da cidade”, mas se houvesse realmente vontade… ainda há dias saiu um artigo sobre a qualidade dos aeroportos (mais de 120 aeroportos avaliados), o de Lisboa está na cauda… é triste… um pais a viver do turismo, e não oferece uma boa recepção/despedida aos turistas, e pior, quer comparar aeroportos localizados em cidades com densidade populacionais 2-3 vezes superiores a de Lisboa, mas o custo de vida se equipara ou supera…

    Por estas e por outras, o orgulho português muito passa pelo sadomasoquismo.

  6. Segundo turistas que estiveram nas filas, apenas havia 3 postos abertos. A realidade foi de tempos de espera de 4, 5 horas. Se é esta a comunicação social que temos então pouco ou nada nos resta

  7. Que se lixem os turistas.
    Quanto mais depressa forem para outro destino melhor.
    É só ALs e preços para turistas por todo lado e em tudo, uma falta de respeito imensa por quem é Português e que vive no seu país.
    Que se lixem os turistas!

    • Os ALs em Lisboa no que vai de ano, as receitas caíram mais de 70% segundo umas notícias de há dias… Ou os responsáveis estão a trabalhar “por debaixo da mesa”, ou então há aqui alguma desinformação.
      O Turismo gera receitas, e se gera receitas devemos civicamente instruir e ter resiliência por ter turismo de qualidade. É certo que há de tudo, mas não devemos generalizar.

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