Pela primeira vez, uma colisão entre duas estrelas de neutrões deu à luz estrôncio

ESO/L. Calçada/M. Kornmesser

Uma equipa de astrónomos detetou pela primeira vez um elemento químico pesado criado no Universo que é fruto de uma kilonova, isto é, é “filho” de uma enorme explosão gerada pela colisão de duas estrelas de neutrões.  

Estrôncio (Sr), que na Terra pode ser encontrado de forma natural no solo, resulta da fusão de duas estrelas de neutrões localizadas a 130 milhões de anos-luz da Terra.

De acordo com a equipa, que publicou esta semana os resultados da investigação na revista científica Nature, o evento foi observado já há dois anos, em agosto de 2017, pelo telescópio VLT do European Southern Observatory (ESO), localizado em Chile.

Em comunicado, os cientistas explicam que detetaram uma onda gravitacional a passar pelo planeta e apontaram o telescópio para a fonte, capturando o seu espectro eletromagnético. A análise inicial aos dados apontou para a presença de elementos químicos pesados durante a explosão, mas não foi possível identificar nenhum destes compostos individualmente até se realizar um análise mais detalhada.

“Identificamos a assinatura [espectral] de um elemento pesado nesta bola de fogo, o estrôncio, que mostra que a colisão de estrelas de neutrões cria esse elemento no Universo”, disse Darach Watson, líder da investigação e cientista da da Universidade de Copenhaga, Dinamarca, citado na nota de imprensa.

“Até agora não sabíamos a localização do processo final não descoberto, conhecido como captura rápida de neutrões, que criava os elementos mais pesados da tabela periódica”, disse Darach Watson.

“Esta é a primeira vez que conseguimos associar diretamente material recém-formado por captura de neutrões a uma fusão de estrela de neutrões, confirmando assim que as estrelas de neutrões são de facto compostas por neutrões”, esclarece ainda Camilla Juul Hansen, do Instituto Max Planck, na Alemanha, e também autora do estudo.