O desastre da Three Mile Island, a 28 de março de 1979, marcou o pior acidente nuclear nos Estados Unidos (EUA), e poderia ter despoletado o pior acidente numa central nuclear da era atómica. A culpa foi de uma “barriga de cerveja”.
No dia 28 de março de 1979, a central Three Mile Island, nos EUA, sofreu o pior acidente nuclear da história do país. Não causou mortes, mas provocou vários protestos contra o programa de eletricidade nuclear do país.
Causado por erros mecânicos – quer de projetos, quer de humanos – o colapso parcial registou o nível cinco na Escala Internacional de Acontecimentos Nucleares, com um pico de sete, a taxa dada aos desastres de Chernobyl (1989) e Fukushima (2011).
Devido a uma falha mecânica, o reator sobreaqueceu e a temperatura continuou a subir, depois de uma válvula ter levado erradamente os operadores a parar a emergência através da refrigeração da água.
Nesse processo, o núcleo exposto sobreaqueceu, atingindo temperaturas de 2.371°C.
Houve um colapso parcial e a central ficou em crise durante alguns dias, tendo sido depois libertada radiação propositadamente para aliviar a pressão dentro do sistema.
Inicialmente, pensou-se que o impacto humano tinha sido mínimo, mas estudos recentes sugerem efeitos na saúde da população local.
Sabe-se agora que a visibilidade reduzida, devido a uma “barriga de cerveja”, poderá ter despoletado o acidente, como conta a IFL Science.
Um operador terá bloqueado inadvertidamente a visão de indicadores cruciais, o que dificultou a avaliação da situação. A Comissão Reguladora Nuclear, citada pela IFL Science, descreveu o operador como “um homem grande, com uma barriga grande, que pendia sobre o painel de instrumentos”, ocultando os indicadores.
Este erro levou a que os operadores não conseguissem precisar o cerne do problema.
O pedido de evacuação também falhou, com metade dos operadores a sair e a deixar a porta aberta.
Além disso, um computador que deveria registar os acontecimentos ficou bloqueado durante uma hora e meia no momento do desastre. Isso fez com que os operadores ficassem duas horas atrasados em relação ao que realmente estava a acontecer.
A Three Mile Island escapou por pouco a um colapso nuclear total, num acidente que revelou várias falhas, desde erros humanos a problemas técnicos.
Embora a situação tenha sido controlada, a complexidade e a confusão do acidente continuam a servir de lição sobre a importância da segurança e da comunicação, na gestão de centrais nucleares.
Em 2019, o único reator nuclear que ainda se encontrava operacional na central foi encerrado. Razões económicas estiveram na origem da decisão.
Foi um alívio para os habitantes que moram nas redondezas de Three Mile Island, que, depois do que aconteceu no dia 28 de março de 1979, nunca deixaram de suscitar reações de “pânico e medo”.