Dados de 40 milhões de telemóveis Android em todas as cidades do mundo ajudaram a criar o mapa mais completo alguma vez feito da ionosfera.
40 milhões de telemóveis criaram o mapa mais detalhado da ionosfera, até à data.
Parece surpreendente, mas a verdade é que as medições feitas com smartphones cobrem duas vezes mais a ionosfera do que as estações científicas tradicionais.
No fundo, todas as cidades com, pelo menos, um telemóvel tornam-se uma estação de monitorização. Por isso, é provável que tenha havido um telemóvel perto de si a contribuir para este mapa.
A ionosfera é uma camada da atmosfera terrestre que se estende aproximadamente dos 50 aos 1000 quilómetros acima da superfície da Terra. Esta camada é crucial para a propagação de ondas de rádio em longas distâncias à volta do planeta.
No estudo, publicado esta quarta-feira na Nature, a equipa de investigação analisou dados de 40 milhões de Androids, avaliando a forma como as partículas carregadas na ionosfera influenciam o tempo de viagem dos sinais de rádio entre os telemóveis e os satélites GPS.
Como explica a New Scientist, tradicionalmente, este método era considerado impraticável devido ao elevado ruído dos dados recolhidos pelos telemóveis, que podem ser 30 vezes mais ruidosos do que os das estações GPS dedicadas.
No entanto, para contornar este desafio, os investigadores agregaram medições de milhões de dispositivos, o que lhes permitiu criar um mapa mais claro das condições ionosféricas, ajustado às antenas mais pequenas e ao hardware GPS menos avançado dos telemóveis.
A Google pretende utilizar este método para aumentar a precisão dos serviços de localização GPS, reduzindo potencialmente os erros de localização em vários metros.
A utilização contínua de dados de telemóveis para monitorizar a ionosfera poderá também facilitar a previsão de tempestades solares e outros fenómenos meteorológicos espaciais em tempo real.
Um exemplo recente ocorreu em maio, quando o sistema ajudou a avaliar os efeitos de uma tempestade geomagnética que afetou a Terra.
O novo método tem, no entanto, limitações, como a necessidade de uma ampla cobertura de telemóveis, que deixa de fora oceanos e zonas despovoadas.