Os turistas estão a rasgar a tela preta que a cidade japonesa de Fujikawaguchiko colocou para tapar a vista do Monte Fuji e tentar conter o fluxo de visitantes.
Numa tentativa de conter a superlotação de turistas ansiosos por fotografar o Monte Fuji, a cidade japonesa de Fujikawaguchiko instalou recentemente uma grande tela de malha preta que tapa a vista.
A tela, que custou 1,3 milhões de ienes, tem 2,5 metros de altura e 20 metros de comprimento, foi colocada para evitar que os turistas tirem fotografias em locais populares, incluindo uma área em frente a uma loja de conveniência Lawson, onde a montanha parece estar no topo do telhado do edifício nas fotografias.
No entanto, os funcionários descobriram buracos na tela apenas um dia após a sua instalação. Na manhã seguinte, tinham sido encontrados cerca de dez buracos semelhantes, todos ao nível dos olhos e com o tamanho perfeito para as lentes das câmaras.
Estas aberturas permitem que os turistas continuem a captar imagens da icónica montanha, contornando o efeito dissuasor pretendido, escreve a Sky News.
Os residentes locais há muito que se queixam da perturbação causada pelos turistas, que frequentemente bloqueiam passeios estreitos, entram em estradas movimentadas ou invadem propriedades privadas para obter a fotografia perfeita.
Apesar dos buracos, os funcionários acreditam que o ecrã e a vedação adicional atenuaram um pouco a pressão do excesso de turismo na zona.
O excesso de turismo, em que o afluxo de turistas degrada a qualidade de vida dos habitantes locais e diminui a experiência do visitante, é um problema global crescente, e muitos destinos estão a implementar medidas para gerir o impacto de um grande número de turistas.
Já este ano, em Barcelona, as autoridades locais tomaram a medida invulgar de retirar uma rota de autocarro do Google Maps, para impedir que os turistas entrem a bordo, empurrando os habitantes locais mais idosos.
Veneza, em Itália, exige agora que os turistas paguem uma taxa de 5 euros para entrar no centro da cidade em determinados dias durante a primavera e o verão. A cidade recebe cerca de 30 milhões de visitantes por ano, o que sobrecarrega as suas infra-estruturas históricas e afeta a qualidade de vida dos residentes.
Nas Ilhas Baleares espanholas, conhecidas por destinos de vida nocturna como Ibiza e Magaluf, entraram em vigor restrições ao consumo de álcool, numa tentativa de recuperar o controlo sobre as suas ruas desordenadas. A cidade italiana de Milão vai proibir o consumo de gelados, pizza e outros produtos após a meia-noite.
Do mesmo modo, as Ilhas Canárias, em Espanha, estão a ponderar uma regulamentação mais rigorosa do turismo. O presidente da região, Fernando Clavijo, sublinhou a necessidade de mais controlos, uma vez que os habitantes locais manifestam preocupação com o aumento do número de visitantes.
Em abril, milhares de pessoas protestaram em Tenerife, exigindo um limite temporário para as chegadas de turistas, a fim de combater o aumento dos custos de habitação provocado pela construção de hotéis e o crescimento do alojamento local.
Estes exemplos globais realçam a luta permanente para equilibrar os benefícios económicos do turismo com a necessidade de preservar o património cultural e manter a qualidade de vida dos residentes.