Túnica sagrada de Alexandre, o Grande, identificada num túmulo macedónio

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A. Bartsiokas

Gravura encontrada no túmulo, que pode representar Alexandre, o Grande

Na Grécia, uma equipa de cientistas descobriu um artefacto histórico que pode dar novas pistas sobre as conquistas do imperador.

Uma peça de vestuário feita em algodão era pouco usual para o século II A.C., mas não para Alexandre, o Grande, rei da Grécia Antiga. Segundo a LBV, uma equipa de arqueólogos descobriu no Túmulo II de Vergina, na região grega da Macedónia, uma espécie de “chiton” que terá pertencido ao imperador.

Trata-se de uma peça de vestuário cerimonial de cor púrpura proveniente da antiga Pérsia, já que corresponde a descrições do sarapis, túnica utilizada pelos reis persas até à altura em que Alexandre, o Grande, derrotou o rei Dario III.

De acordo com os cientistas, o imperador grego, também conhecido por Alexandre Magno, ter-se-á apropriado do vestuário, marcando assim o domínio da Grécia sobre o território persa.

De acordo com o estudo, publicado a 17 de outubro no Journal of Field Archaeology e conduzido por Antonis Bartsiokas, da Universidade Demócrito da Trácia, neste sarapis foram encontrados vestígios de huntite, um mineral branco e reluzente colocado pelos persas entre as camadas de tecido.

Esta descoberta reforça a ideia de que o vestuário provinha do oriente, uma vez que era raro na Grécia. A produção deste tipo de têxteis seria extremamente dispendiosa, uma vez que a tinta púrpura era extraída de uma grande quantidade de caracóis murex.

Para identificar os materiais da veste, a equipa utilizou técnicas de investigação como a espetroscopia de infravermelhos ou a cromatografia gasosa e espetrometria de massa.

De acordo com a LBV esta descoberta pode indicar que o Túmulo II, que se acreditava pertencer ao pai do imperador, Filipe II, é afinal o do meio-irmão de Alexandre Magno, Filipe III Arrhidaeus, uma vez que este terá herdado vários símbolos de poder do rei da Grécia após a sua morte. Filipe III assumiu também, ainda que apenas de forma simbólica, o poder do império.

No friso do túmulo, encontram-se gravadas cenas de caça. Numa delas, é possível ver aquele que se acredita ser o conquistador utilizando um sarapis, o que sustenta a ideia de que a túnica pertenceu, de facto, ao imperador.

Podem, então, existir mais objetos de Alexandre, o Grande, neste túmulo? Os arqueólogos acreditam que sim. Outros objetos que fontes históricas indicam como sendo parte dos trajes do conquistador grego foram também encontrados no túmulo, entre os quais uma jóia de ouro, um cetro e uma coroa.

Mas o novo estudo não revela apenas mais pistas sobre o rei da Grécia, como também a possível influência persa sobre o império grego durante a época do seu domínio. Esta descoberta pode também suscitar novas investigações feitas ao vestuário real e funerário destes dois impérios.

CBP, ZAP //

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