Os icónicos túmulos megalíticos da Irlanda podem não ser o que pensávamos

Ao contrário do que se pensava, estes lugares podem não ter servido para sepultar elites, mas sim para fazer festas e homenagear os mortos.

Ligações genéticas e evidências de incesto levaram uma equipa de cientistas em 2020 a considerar que os icónicos túmulos irlandeses eram locais de sepultura para dinastias de elite. No entanto, um novo estudo mostra que podiam estar errados.

“O passado remoto é fragmentário, então é preciso ter muito cuidado ao juntar as peças”, diz a arqueóloga Jessica Smyth à New Scientist. “Sabíamos que o quadro era muito mais complexo e que havia uma história mais rica para contar.”

Em primeiro lugar, a equipa de Smyth apercebeu-se de que os investigadores anteriores tinham sequenciado apenas o genoma de no máximo quatro pessoas, geralmente até apenas uma ou duas, de túmulos individuais que continham cerca de 100 pessoas. Decidiram investigar.

“Muitos dos ossos simplesmente não estavam disponíveis porque não tinham sido escavados, tinham sido removidos ou estavam em laboratórios para outros projetos de investigação. Um número significativo também tinha sido cremado, tornando-os ‘geneticamente invisíveis‘”, afirma o arqueólogo Neil Carlin.

Afinal, a maioria das ligações era distante, como primos em segundo ou terceiro grau. “O que vimos não foram dinastias, mas uma mistura de pessoas diferentes, às vezes parentes, às vezes não”, diz Carlin. “E elas estão-se a reunir. Estão a enterrar os seus mortos. Estão a lembrar os seus antepassados. Estão a construir esses monumentos. E provavelmente estão a fazer festas como parte de tudo isso.”

Deste modo, o novo estudo, publicado em abril na Archaeological Journal, revela que, afinal, estes túmulos podiam ser um lugar de festa, de culto aos mortos e de homenagem.

“Pode ter sido uma época em que havia casamentos, pode muito bem ter sido uma época para dar descanso a outras pessoas”, comenta a investigadora Vicki Cummings, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido. “É quase certo que havia festas e celebrações. O elemento que une tudo isso é a construção de monumentos.”

ZAP //

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