Trocar salmão por sardinha mantém 4 milhões de toneladas de peixe no mar

O simples ato de trocar o consumo de salmão pela sardinha pode ajudar a manter 4 milhões de toneladas de peixe no mar, revela um novo estudo.

Reduzir o consumo de carne e laticínios é uma maneira de tornar a sua dieta melhor para o planeta. Mas quando se trata de peixes sustentáveis, comprar sardinhas em vez de salmão para as suas sanduíches e saladas deve ser a sua primeira decisão.

Um terço dos stock de peixe está a ser colhido em taxas que excedem o que essas populações podem repor, e 90% são pescados até ao limite sustentável, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.

Uma das principais causas da sobrepesca é, ironicamente, a procura por ração para peixes. Mais de um terço de todos os peixes capturados em todo o mundo servem de alimento para animais de criação em vez de para pessoas. A piscicultura é o setor de alimentos que mais cresce no mundo.

A maior parte do salmão do Atlântico vendido em supermercados no Reino Unido é cultivado em viveiros. Criar estes peixes grandes envolve alimentá-los com uma dieta rica em ómega-3 e proteínas, nutrientes que também são essenciais para os humanos.

Num novo estudo, cientistas descobriram que se as pessoas comessem os peixes capturados na natureza, como a sardinha, isso deixaria quase 4 milhões de toneladas de peixe no mar e forneceria mais 6 milhões de toneladas de produtos do mar.

O mar fornece à humanidade uma abundância de alimentos ricos em nutrientes, dos quais nos beneficiamos há milhares de anos. O peixe é uma das fontes mais facilmente absorvidas de nutrientes essenciais, como ómega-3 e vitaminas D e A, de que os humanos precisam.

O salmão criado em viveiros da Escócia é a maior exportação de alimentos do Reino Unido em valor económico anual total.

A equipa de investigadores realizou uma avaliação completa da indústria do salmão escocês, recolhendo dados sobre o teor de nutrientes dos peixes, a composição da farinha de peixe e do óleo de peixe e examinando a transferência de micronutrientes da ração para os peixes.

Os autores descobriram que, ao remover peixes capturados na natureza da ração de salmão e usar apenas subprodutos de peixes, 3,7 milhões de toneladas de peixe podem ser deixadas no mar e a produção global anual de produtos do mar pode aumentar em 6,1 milhões de toneladas.

Mais de metade dos minerais dietéticos essenciais e ácidos gordos disponíveis em peixes selvagens são atualmente perdidos na boca humana quando esses peixes servem de alimento a salmão de viveiro.

O estudo mostrou ainda que os mexilhões são um dos alimentos mais sustentáveis do planeta, mais do que qualquer outra carne, peixe e a maioria das culturas terrestres, como soja, trigo e arroz.