Triângulo amoroso de George Harrison e Eric Clapton está “à venda”

Pattie Boyd/Christie's

Eric Clapton (E), Pattie Boyd (C) e George Harrison (D)

Clapton “roubou” Pattie ao beatle, mas tudo acabou bem. Agora, a modelo e fotógrafa vai leiloar as suas recordações, que contêm novos detalhes sobre o triângulo amoroso que inspirou múltiplos clássicos do rock.

A ex-modelo Pattie Boyd está a vender cartas (e não só) que revelam novos detalhes sobre o triângulo amoroso que manteve com os guitarristas Eric Clapton e George Harrison, dos The Beatles.

Boyd, que inspirou inúmeras canções de amor de ambos os artistas nas décadas de 1960 e 1970, como a música “Something”, clássico de Harrison, e os sucessos de Clapton, “Wonderful Tonight” e “Layla”, está a leiloar cartas trocadas com os dois ícones, juntamente com outros bens, nomeadamente fotografias, mas também pinturas, joias e roupas.

Inicialmente casada com Harrison, foi “cobiçada” por Clapton, seu amigo próximo, numa série de cartas de amor apaixonadas, lembra a BBC.

A modelo conheceu os The Beatles quando foi selecionada para o filme “A Hard Day’s Night” de 1964. Sentiu desde cedo uma conexão com Harrison, o seu famoso e “calmo” guitarrista.

“Ele era bastante tímido, como eu. Acho que foi por isso que nos demos bem”, disse em entrevista à casa Christie’s, responsável por leiloar as memórias do triângulo amoroso que a fotógrafa guardou todos estes anos.

Com a estrela do quarteto de Liverpool namorou durante dois anos, antes de se casarem em janeiro de 1966, numa altura em que a banda estava constantemente em digressão.

“O George era tão adorável quando estava fora”, recorda Boyd. “Tinha saudades minhas, eu tinha muitas dele, e ele escrevia cartas incríveis e postais maravilhosos.”

Amigo de Harrison, Clapton frequentava a casa do casal em Surrey, e começou a apaixonar-se pela modelo sem o conhecimento do “beatle”.

“Ainda amas o teu marido?”

“Existe um sentimento no teu coração por mim?”, perguntou Clapton a Pattie numa das cartas de 1970 agora partilhadas.

“Estou a escrever-te esta carta com o objetivo principal de descobrir os teus sentimentos em relação a um assunto bem conhecido por nós os dois. O que gostaria de perguntar é se ainda amas o teu marido“, escreveu Clapton.

E continuou: “Todas estas perguntas são muito impertinentes, eu sei, mas se ainda há um sentimento no teu coração por mim… tens de me dizer! Não telefones! Manda uma carta. É muito mais seguro.”

Meses depois, segundo os registos, insistiu.

“Sou eu”, começou por avisar numa página arrancada de um exemplar do romance de John Steinbeck, “Ratos e Homens”, que enviou à mulher de Harrison.

“Querida Layla, por que hesitas, sou um pobre amante, sou feio, sou muito fraco, muito forte, sabes porquê?”

“Se me queres, leva-me, sou teu… se não me queres, por favor, quebra o feitiço que me prende. Enjaular um animal selvagem é pecado, domesticá-lo é divino. O meu amor é teu”, escreveu.

Mais tarde, inspirando-se na alcunha que deu à modelo, escreveu “Layla”.

“Foi tão bonito e mágico”, recorda Boyd na entrevista. “Fiquei tão lisonjeada, mas também muito preocupada que o George descobrisse por que é que o Eric escreveu essa música.”

Após inúmeras rejeições — e  depois de o matrimónio com Harrison ruir no início da década de 1970 —, Clapton conquistou a modelo numa digressão e casou com ela em 1979, com a bênção do amigo e ex-marido de Pattie. A tão desejada união acabaria por se desmoronar, em 1989, fruto do alcoolismo e infidelidade de Eric Clapton, conta Boyd.

Pattie, que completa 80 anos este ano, vai vender as suas recordações a partir deste mês de março, através da casa de leilões Christie’s, e a coleção já está visível ao público aqui.

Entre rabiscos dos artistas, postais e fotografias exclusivas, um dos destaques do leilão é a pintura “La jeune fille au bouquet”, de Emile Théodore Frandsen de Schomberg, capa do álbum “Layla and Other Assorted Love Songs”, de 1970, da banda de Clapton, Derek and the Dominoes — uma pintura que Clapton comprou precisamente porque lhe fazia lembrar a amada.

“Pensei: por que não vendo tudo e deixo toda a gente desfrutar?”, contou Boyd ao jornal britânico The Telegraph.

Tomás Guimarães, ZAP //

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