“Blocos de partos ou blocos cirúrgicos”? Três hospitais só realizaram partos por cesarianas

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Mais de 37% dos 75.468 partos realizados em 2021 foram por cesariana, anunciou esta segunda-feira a Entidade Reguladora da Saúde (ERS), que contabilizou no mesmo ano 321 óbitos fetais e neonatais em Portugal continental.

“Nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) a percentagem de cesarianas no total de partos correspondeu a 30,7%, contrastando com a realidade dos hospitais privados e sociais, em que a percentagem de cesarianas ascendeu a 65,9% dos partos realizados nestes estabelecimentos”, indica uma monitorização da ERS sobre a atividade dos prestadores de cuidados de saúde de obstetrícia.

Segundo o documento, o tipo de cesariana mais representativo nos hospitais privados e sociais foi a programada (49,0%), enquanto nos hospitais públicos as cesarianas urgentes foram as mais frequentes (53,9%).

Dos 75.468 partos realizados em 2021, 60.759 foram em hospitais públicos e os restantes 14.709 decorreram em unidades fora do SNS.

A análise do regulador indica ainda que, nesse ano, ocorreram 321 óbitos fetais e neonatais (até 28 dias de vida) em Portugal continental, um rácio de óbitos por nascimento de 0,42%, mais elevado nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo (0,52%) e Alentejo (0,45%).

Quanto aos óbitos maternos, a ERS apurou que, em 2021, ocorreram três em Portugal continental.

Já quanto a acessibilidades aos 61 blocos de partos públicos e privados, a ERS adianta que cerca de 91% das mulheres em idade fértil tem um nível de acesso médio ou alto a esses serviços médicos, mas 8% dessa população feminina ainda enfrenta “um nível de acesso baixo ou a uma distância excessiva”, superior a 60 minutos de viagem, da sua residência.

“Considerando só a oferta dos 39 centros de nascimento do SNS, a população com acesso baixo ou a uma distância excessiva altera-se muito pouco, mas a população com um nível de acesso alto reduz-se de 64% para cerca de 30%, com as regiões de saúde do Norte, Centro e Lisboa e Vale do Tejo a sofrerem as maiores alterações”, alerta, porém, a entidade reguladora.

Em termos de oferta, do total de 61 estabelecimentos que prestam serviços médicos e de enfermagem em obstetrícia e neonatologia, a maioria (63,9%) são do SNS, destacando-se ainda, entre os estabelecimentos não integrados no SNS, a maior concentração (72,7%) na região Norte.

Do total de 75.468 partos realizados, 80,5% ocorreram em estabelecimentos do SNS e 43,0% realizaram-se em Lisboa e Vale do Tejo e 34,2% no Norte, enquanto no extremo oposto encontra-se o Alentejo, que representou apenas 3,2% de todos os partos em 2021.

A ERS adianta que a monitorização agora divulgada integra uma análise mais abrangente e aprofundada que está a desenvolver na área da obstetrícia, contemplando o acesso a cuidados de vigilância materno-fetal e a serviços de urgência de obstetrícia no SNS.

Três privados só realizaram partos por cesariana

No mesmo ano, houve três hospitais privados que só realizaram partos por cesariana. Estas unidades ficam todas na região Norte do país.

De acordo com dados enviados ao Observador pela ERS, no Hospital Particular de Viana do Castelo; no da Boa Nova, em Matosinhos; e no Hospital Privado de Vila Real não foi realizado qualquer parto normal. São também estes os hospitais em que menos partos, independentemente da metodologia, se fizeram.

No total, foram 31 as cesarianas no hospital privado de Viana do Castelo, 23 em Matosinhos e 17 em Vila Real. E é sobre casos como estes que têm recaído as críticas de Fernando Araújo, diretor executivo do SNS.

“Devo lembrar que há blocos de parto privados que fazem 40 a 50 partos por ano, eventualmente um parto por semana e com taxas de cesariana de 100%. Eu tenho dúvidas se são blocos de partos ou se são blocos cirúrgicos, que é bem diferente”, disse o médico em entrevista à SIC no início do ano.

Só há um hospital privado cuja percentagem de cesarianas realizadas está em linha ou abaixo da registada na generalidade do SNS: o Hospital de Cascais – Lusíadas (27,6%). Nenhum hospital público tem percentagens tão elevadas como o setor privado e social: os valores mais elevados são os do Hospital Pêro da Covilhã, que pertence ao Centro Hospitalar Cova da Beira e que fez em 2021 46,6% de cesarianas.

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. Não esquecer , que muitas parturientes , preferem que se entre na incubadora por a porta do cavalo , que estragar o salão de jogos , uma pequena cicatriz acima du pubis e un parto sem dor en bônus ! …. sem contar com a fatura acrescida de Cirurgia e Anestesia que esses Estabelecimentos cobram !

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