“Trate-se”. Mário Ferreira acusa Ana Gomes de dizer patetices

3

André Kosters, José Coelho / Lusa

Esperemos que seja condenada e que ganhe juízo”, atirou o empresário, que acusa a ex-eurodeputada de difamação por alegadamente o ter ligado ao narcotráfico. Mário Ferreira é “testa de ferro”, diz Ana Gomes.

O empresário Mário Ferreira acusou esta segunda-feira Ana Gomes de dizer “patetices, tantas e permanentes” sobre si, que espera que ela seja condenada e “ganhe juízo”, desejando que a ex-eurodeputada “se trate”.

À saída do Tribunal do Bolhão, onde decorreu esta segunda-feira a primeira sessão de um julgamento em que Ana Gomes está acusada de um crime de difamação a Mário Ferreira por alegadamente o ter ligado ao narcotráfico, em declarações aos jornalistas, o advogado do empresário salientou que só haverá acordo se a ex-candidata a Presidente da República “retirar a acusação e se retratar”.

Em 2021, Ana Gomes publicou na sua página da rede social Twitter, hoje denominada X, um comentário alusivo a uma notícia do jornal Expresso sobre o investimento de Mário Ferreira numa empresa de aviação, afirmando que o empresário do Porto pretendia “emular” a OMNI Aviação e Tecnologia, companhia que viu ser apreendidas 500 quilos num avião seu proveniente do Brasil.

“Ela sofre do síndrome de húbris. Que se trate”

Esperemos que seja condenada e que ganhe juízo e não continue a fazer falsas declarações e mentiras, como é seu hábito. As patetices são tantas e permanentes que eu já não sei se alguém consegue levar a sério a senhora. Eu disse que ela sofre do síndrome de húbris e que se trate, é o que eu espero da senhora, que já teria idade para ter juízo”, afirmou Mário Ferreira à saída do tribunal.

Questionado sobre se haveria possibilidade de as partes chegarem a um acordo, algo sugerido pelo juiz que apelou a “alguma imaginação” dos advogados no final da sessão desta segunda-feira, o advogado de Mário Ferreira não colocou essa hipótese de lado mas impôs condições.

“Há uma forma muito simples de fazer o acordo, alguém faz uma imputação falsa, retira-a e o acordo está feito. Mas retira-a mesmo, não pede desculpa, diz que não tinha intenção, enganou-se, não. Retira e retrata-se”, disse Rui Patrício.

Segundo o advogado, o que está em causa neste processo é simples: “É uma calúnia sobre narcotráfico na aviação privada, o resto é fogo-de-vista, é a estratégia habitual que é de baralhar para tentar distrair”, defendeu.

Mário Ferreira é “testa de ferro”, acusa Ana Gomes

Momentos antes, igualmente à saída daquele tribunal, Ana Gomes explicou, à semelhança do que fez durante o seu depoimento desta manhã, que não quis acusar Mário Ferreira de tráfico de droga, mas sim de branqueamento de capitais.

“Não estava a atribuir nenhuma ligação ao tráfico de droga, estava sim a levantar suspeitas de que [Mário Ferreira] seja um testa de ferro de investidores desconhecidos e que é isso que lhe permite que tenha feito investimentos vultuosos em vários setores”, afirmou aos jornalistas.

A ex-eurodeputada admitiu, no entanto, que pode ter sido mal interpretada, negando que se excedeu: “Não admito que me tenha excedido, admito que tenha outras interpretações mas a minha interpretação mantenho-a e disse-o com toda a candura e toda a verdade”.

Quando depôs em julgamento, Ana Gomes também acusou Mário Ferreira de ser “testa de ferro de investidores desconhecidos” em ações de branqueamento de capitais e que teria sido por isso que se envolveu no setor da aviação.

“Eu levantei questões que se prendem com o conhecimento que eu tenho da falta de controlo nos aeroportos e aeródromos relativamente a voos civis privados. Eu queria alertar para a possibilidade de os aviões civis privados, por causa da falta de controlo, se prestarem a todo o tipo de criminalidade, nomeadamente o branqueamento de capitais”, voltou a explicar já fora do tribunal.

Empresário é arguido, lembra ex-eurodeputada

A também ex-diplomata lembrou que Mário Ferreira é arguido numa investigação de fraude fiscal e branqueamento de capitais: “Eu afirmei foi a relação de uma empresa que o senhor Mário Ferreira tinha para jatos privados (…) e que operava um avião, que ele comprou com o dinheiro que levou para a empresa em Malta referente à venda do navio Atlântida, que está a ser investigada por fraude fiscal e branqueamento de capitais”.

Este é o quarto processo que envolve Mário Ferreira e Ana Gomes, sendo que a ex-eurodeputada foi em setembro condenada a pagar uma multa de 2.800 euros e uma indemnização de 8.000 euros ao acionista maioritário da empresa dona da TVI e proprietário da Douro Azul por o ter apelidado de “escroque”, também num tweet.

Na publicação, Ana Gomes lamenta que o chefe do Governo tratasse como grande empresário um “notório escroque / criminoso fiscal”, e classifica a venda do ferryboat Atlântida como “uma vigarice”.

A antiga candidata presidencial considera que se tratou de “um caso de flagrante corrupção“, envolvendo a venda “a patacos” do ferryboat Atlântida ao Grupo Douro Azul, acerca do qual, diz, tinha “muito que contar” às autoridades.

Segundo o Jornal de Negócios, o navio “Atlântida” foi comprado pela Douro Azul por 8,75 milhões de euros e, oito meses depois, foi revendido a uma empresa norueguesa por 17 milhões de euros.

A juíza do caso destacou que a expressão usada visava prejudicar a credibilidade do empresário, indo além da mera crítica, afetando a sua honra e reputação.

“Com a expressão, a arguida quis atingir o empresário, bem como o cidadão, abalando a sua credibilidade, pintando-o como um homem que vigariza. Uma coisa é criticar, outra é atingir. Lendo o tweet, tal expressão era totalmente desnecessária”, alegou a juíza.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. O dinheiro não desaparece, apenas muda de mãos… infelizmente sai do bolso de muitos para as mãos de muito poucos! Vá-se lá saber como e porquê!

  2. Pode haver muita coisa por detras disto mas esta senhoira que se deixe estar sossegada na sua cadeira de baloiço e goze
    a sua choruda reforma ou reformas.
    Se estivesse calada fazia melhor ams ainda anda a tenatar chegar ao galho mais alto da árvore (PR).
    Teve o seu tempo de glória em Timor e depois foi até foi e a ganhar balurdios.
    Este país está mesmo de rastos e o povo deixa andar !

  3. Patetice teria sido beneficiar dos primeiros dinheiros do PRR quando existem tantas PME a necessitarem de ajuda !!! Seria para ir a Marte desta vez?

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.