Tráfico de cocaína está a ameaçar mais de 60 espécies de aves

Bettina Arrigoni/ Wikimedia

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Philadelphia Vireo

O tráfico e consumo de cocaína, além de ter inúmeras consequências para a saúde humana, prejudica também o ambiente e ameaça os habitats de diferentes espécies de aves migratórias.

Num novo estudo, publicado esta quarta-feira na Nature Sustainability, uma equipa de cientistas salientou que dois terços das áreas mais importantes para as aves florestais, incluindo 67 espécies de aves migratórias que se reproduzem nos EUA e no Canadá, estão em risco acrescido devido ao tráfico de cocaína.

Segundo a Phys.org, os cientistas efetuaram medidas de várias características da paisagem e concentrações de aves migratórias na América Central para realçar a ligação entre o problema social e a biodiversidade.

Mais de metade da população global de uma em cada cinco espécies migratórias habita áreas que se tornaram mais atrativas para o tráfico após o pico da pressão policial, medida pelo volume de cocaína apreendida.

As maiores florestas na América Central, habitadas por povos indígenas que vivem de forma sustentável nesses ambientes, estão a registar níveis crescentes de tráfico de cocaína.

O presente estudo baseia-se em trabalhos etnográficos e de modelação anteriores bem como nos resultados da análise das condições de utilização do solo e as decisões tomadas pelos próprios traficantes com base na proteção do risco e do lucro.

“Esta investigação salienta ainda mais os danos causados pelo tráfico de droga e da forma como atualmente o combatemos”, diz coautor do estudo, Nicholas Magliocca. “É preciso fazer mais do que perseguir constantemente os traficantes de drogas, que têm dinheiro e poder quase ilimitados na região”.

“Seria um grande passo tomar medidas que permitam às comunidades locais e aos governos monitorizar e proteger as florestas, criar formas alternativas de rendimento e resolver a questão da posse incerta da terra”, diz a primeira autora do estudo, Amanda Rodewald.

O estudo salienta que não se deve abordar os problemas sociais no vazio, porque podem ter consequências ambientais que prejudicam a conservação das diferentes espécies.

Soraia Ferreira, ZAP //

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