Os trabalhadores que não conseguem pagar rendas: “Tenho um emprego, mas não tenho casa”

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Uma em cada 200 pessoas na Grã-Bretanha dorme nas ruas ou em acomodações temporárias – como albergues e pousadas -, de acordo com uma análise da instituição de caridade Shelter. Mas, apesar de não ter um lar, uma percentagem significativa dessas pessoas tem emprego.

Geralmente, conseguir um emprego é a solução apontada para tirar as pessoas das ruas. Mas a realidade não é bem assim. Num discurso sobre o combate aos sem-abrigo, a ex-primeira-ministra britânica Theresa May disse que lidar com esse problema “é mais do que apenas arranjar acomodação. O principal é garantir que as pessoas possam trabalhar e receber e não se encontrar nessa situação”.

Um emprego, contudo, nem sempre oferece um caminho para sair da pobreza e muitas pessoas que estão a trabalhar continuam a enfrentar a insegurança habitacional, noticiou o Phys Org.

A análise da Shelter revelou que 55% das famílias em acomodações temporárias têm trabalho e que o aumento da falta de moradia para os trabalhadores está a ser impulsionado por uma combinação de alugueres caros, o congelamento contínuo dos benefícios habitacionais e uma falta crónica de moradias sociais.

Uma nova pesquisa do Phys Org revelou as experiências de 18 trabalhadores sem-abrigo ou em risco de ficarem sem casa no país de Gales, na qual descobriram que os mesmos perderam as suas casas por vários motivos, incluindo despejo, fim de relacionamentos e o término de contratos de arrendamento de curto prazo.

De acordo com a pesquisa, os entrevistados esforçaram-se para arcar com os custos iniciais de um novo arrendamento – depósitos e taxas das agências. Mas os baixos salários acabaram por não lhes permitir arrendar. E, mesmo os que o podiam fazer, eram muitas vezes discriminados pelos proprietários, que não aceitavam inquilinos que recebiam subsídio de habitação.

Opções limitadas

Segundo os entrevistados, permanecer no trabalho enquanto sem-abrigo “é muito desafiador”. Um dos inquiridos contou sobre a dificuldade em se manter apresentável, visto não ter um local onde possa lavar as roupas.

O local de trabalho também pode limitar as opções de moradia das pessoas, pois encontrar um alojamento acessível a uma curta distância é outros dos desafios. Assim como as condições dos locais de arredamento temporário, que nem sempre são as adequadas.

Muitos participantes, relatou o Phys Org, sentiam que estavam por conta própria. E, sem outras opções, alternavam entre dormir nas ruas, nos sofás de conhecidos e em carros ou caravanas. Outros optam por acomodações inadequadas: “Encontramos uma casa, mas não é adequada. Sem aquecimento central e com humidade, o meu filho tem asma”, relatou um dos entrevistados.

Outro dos participantes endividou-se para ter acesso a uma acomodação permanente. Enquanto livrou-se da ameaça imediata de falta de moradia, vive agora numa casa que não pode pagar.

Como destacou a pesquisa, ter simplesmente um emprego não é uma solução direta para os sem-abrigo. Caso o Reino Unido pretenda, de facto, resolver essa situação, outras questões mais amplas têm que ser solucionadas, como a baixa remuneração, o trabalho temporário e inseguro e falta de moradias mais acessíveis, concluiu o Phys Org.

ZAP //

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