O tempo já foi mesmo dinheiro. Maria vendeu-o durante mais de 30 anos

Royal Museums Greenwich

Maria Belville (1892, Daily Graphic)

Durante 100 anos, uma família vendeu literalmente o tempo, em Londres.

Voltemos atrás no tempo para recordar um mundo sem smartphones e relógios atómicos, quando havia muita gente a circular nas ruas sem saber que horas eram. Nesse mundo distante, havia quem vendesse, literalmente, as horas.

Em Londres, Ruth Belville ficou conhecida como a “Senhora do Tempo de Greenwich”. Ganhava a vida com o tempo como mercadoria, e muitos dependiam dela para saber as horas. Mas o negócio, que durou mais de 100 anos, era de família.

O seu pai começou a vender o tempo no século XIX, com um muito confiável relógio de bolso. Mas recuemos ainda mais, pois esta história começa em 1675.

Quando o rei Carlos II fundou o Observatório Real de Greenwich, para melhorar a navegação ao permitir aos marinheiros calcular a longitude com maior precisão, Greenwich tornou-se o ponto de referência global para a hora e a longitude.

A Revolução Industrial trouxe urgência. Antes, as cidades regulavam os seus relógios de acordo com o Sol, o que levava a discrepâncias de vários minutos; agora tornava-se necessário sincronizar o tempo para um bom funcionamento das ferrovias e telégrafos, e o Tempo Médio de Greenwich foi adotado legalmente em 1880.

Mas ainda havia um problema: muitos não tinham capacidades financeiras para ter um relógio confiável — era um luxo. Foi então que John Belville, que já tinha trabalhado para o Observatório, viu uma oportunidade de negócio à sua frente, como recordou esta semana a Popular Science.

Uma vez por semana, visitava  clientes com um relógio de bolso altamente preciso, sincronizado com os cronómetros do observatório, e por uma pequena quantia deixava-os ajustar os seus próprios relógios com a hora que o seu mostrava.

Para surpresa de muitos, o negócio manteve-se apesar do aparecimento dos relógios públicos e dos sinais telegráficos. Maria, a sua viúva após a sua morte em 1856, vendeu o tempo durante mais 36 anos. Quando se reformou, Ruth assumiu o negócio dos pais ao longo do século passado, até 1940, quando tinha 86 anos.

ZAP //

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