“Tempestade perfeita”: parece Portugal, mas não é

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Muitos imigrantes, poucas casas, sistema de saúde, notícias falsas. A diferença é que não há um “Ventura irlandês”. Ainda.

“Há talvez aquilo a que se pode chamar uma tempestade perfeita. Há uma escassez de habitação no estado e há uma imigração significativa, que estão agora a colidir, e o governo está a ter dificuldade em lidar com isso”.

O retrato, um bom resumo do que se passa na República da Irlanda, é feito por Gary Murphy, professor de política na Universidade da Cidade de Dublin.

O canal Euronews explica em que consiste essa “tempestade perfeita”: é um trio composto por onda migratória, falta de casas e divulgação de notícias falsas.

A imigração está muito relacionada com pessoas que estão a sair do Reino Unido (recorde-se que a Irlanda do Norte faz parte do Reino Unido, mas a República da Irlanda não), com receios das políticas do Governo conservador, sobretudo por causa das deportações para o Ruanda.

Quando chegam a solo irlandês, deparam-se com um problema óbvio: faltam casas, falta alojamento. Mais concretamente, faltam 256 mil casas, num país em que quase 14 mil pessoas, oficialmente, não têm casa.

Milhares de migrantes ficam sem abrigo. Muitos seguem para tendas, que entretanto foram retiradas do centro da capital Dublin, em Maio. Esses imigrantes, requerentes de asilo, estavam a morar em tendas à porta do Gabinete de Proteção Internacional; outros fazem o mesmo à volta do Grande Canal.

Ainda há outro problema: o sistema de saúde. Faltam recursos humanos para tratar dos doentes na Irlanda.

Lá como cá, surge a pergunta: o país tem condições para receber tantos imigrantes?

“É uma questão complicada, porque não se podem construir mais casas“, responde Gary Murphy, que chama a atenção para o último ingrediente desta receita complexa: uma mistura de notícias falsas com a extrema-direita.

“As pessoas são inundadas por histórias, sobretudo falsas, de refugiados a quem foi concedida habitação antes deles. Portanto, isso está certamente a alimentar um elemento de extrema-direita”.

Mas não há uma espécie de “Chega irlandês”. Ou melhor, um “Ventura irlandês” – não há nenhum político de extrema-direita que tenha conquistado a confiança de milhares ou milhões de habitantes locais, tal como André Ventura em Portugal, Marine Le Pen em França, ou Giorgia Meloni em Itália.

Nas próximas eleições europeias, no domingo, vai ser feita nova análise.

ZAP //

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1 Comment

  1. É… e ainda acham esta coisa da entrada de emigrantes aos magotes não vai dar asneira total…
    A curto prazo, infelizmente, vai andar tudo à “batatada” por causa dos governos de libelinhas que temos na Europa. Os únicos que eventualmente se vão safar são os Italianos…

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