Crise no Sudão ameaça tornar-se uma “catástrofe de larga escala” (e com riscos biológicos)

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Satellite Image 2023 Maxar Technologies / EPA

Uma imagem de satélite mostra um edifício em chamas perto do extremo sul do Aeroporto Internacional de Cartum, no Sudão

O conflito já está a causar dificuldades nos países vizinhos, que não conseguem lidar com o fluxo de refugiados. Já morreram mais de 500 pessoas e mais de 400 mil tiveram de fugir.

Já mais de 100 mil pessoas fugiram do Sudão desde o início dos confrontos entre o exército e uma milícia paramilitar a 15 de Abril. Os números são das Nações Unidas, que temem que país mergulhe numa guerra civil caso o conflito não chegue ao fim em breve.

Há ainda mais 334 mil pessoas que tiveram de se deslocar dentro do Sudão. Os confrontos estão assolar a capital, Cartum, apesar de estar em vigor um cessar-fogo. Segundo o Ministério da Saúde do Sudão, já morreram mais de 500 pessoas e cerca de 4000 ficaram feridas.

Abdou Dieng, coordenador humanitário da ONU no Sudão, alerta para o risco de uma “catástrofe de larga escala”. “Mesmo antes da crise actual, um terço da população do Sudão, quase 16 milhões de pessoas, já precisavam de ajuda humanitária. Cerca de 3,7 milhões de pessoas já estavam deslocadas internamente, principalmente em Darfur”, afirma.

Os refugiados também têm fugido para o Egipto e para o Chade, que já tinha recebido mais de 400 mil sudaneses em fuga de conflitos anteriores.

A maioria dos países europeus já concluiu a retirada em segurança dos cidadãos que estavam no Sudão, relata a BBC. Por sua vez, a Rússia ainda vai enviar quatro aviões militares para resgatar 200 pessoas, incluindo cidadãos russos e cidadãos de países aliados de Moscovo.

Em Cartum, a comida, a água e a eletricidade já são escassas e os bens de ajuda humanitária enviados pelas Nações Unidas estão a ficar armazenados por causa da violência. Os saques frequentes estão a dificultar ainda mais os esforços das autoridades para fazer com que a ajuda chegue a quem mais dela precisa.

O director regional da Organização Mundial da Saúde, Ahmed al Mandhari, revela que as instalações de saúde têm sido atacadas em Cartum e que algumas até são a ter usadas como bases militares. “Até agora, houve 26 ataques reportados em instalações de saúde. Alguns destes ataques resultaram na morte de profissionais de saúde e civis nestes hospitais”, afirma à BBC.

O conflito está também a gerar preocupação devido à ocupação de um laboratório nacional de saúde, com a Organização Mundial de Saúde a avisar que os riscos biológicos são “muito elevados“.

Nima Saeed Abid, representante da OMS no Sudão, considera que a situação é “extremamente perigosa” porque o laboratório contém amostras dos agentes patogénicos do sarampo, cólera e poliomielite e revela que os ocupantes “removeram todos os técnicos do laboratório”, que agora funciona “como uma base militar”.

Adriana Peixoto, ZAP //

2 Comments

  1. Aproxima-se mais uma vaga de refugiados a atirarem-se para o Mediterraneo em direcção à Europa. Estes militares e paramilitares que só pensam neles e não no povo também deviam ser julgados pelo TPI, não é só o Putinho.

  2. O Boneco de Cera decidiu abrir um novo foco de instabilidade para azoratar ainda mais os europeus, além da guerra da Ucrânia.

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