Um especialista identificou, na sequência de uma investigação, que o chá verde dos Açores possui uma substância que fomenta as funções cognitivas, pode combater demências como Parkinson ou Alzheimer e aumenta a criatividade.
“Depois de fazer uma recolha de chás de todo o mundo cheguei à conclusão que o chá dos Açores consegue ser superior aos outros em teor de polifenóis“, declarou à agência Lusa o investigador José Batista, doutorado em bioquímica analítica, que já esteve ligado a várias universidades portuguesas e do Canadá.
Os polifenóis são substâncias químicas que estão presentes nos vegetais e frutos, indicando estudos científicos recentes que são muito benéficas aos seres humanos e, por isso, devem ser incluídas na alimentação.
De acordo com a comunidade científica, os alimentos ricos em polifenóis possuem várias ações importantes no corpo, sendo antioxidantes, ajudando ainda a dar mais energia.
O investigador, que estudou dezenas de chás da China, Japão e Tailândia – e estuda esta planta há cerca de dez anos, publicando estudos científicos – salvaguarda que existe um chá chinês “muito semelhante” ao açoriano, cultivado junto ao mar, mas com três vezes mais teína do que o chá verde dos Açores.
José Batista, que está a desenvolver estudos para apurar em qual fase da planta do chá dos Açores existe a substância que vai aumentar as funções cognitivas, refere que este é “menos amargo” do que os restantes, o que o levou a suspeitar que possui um aminoácido que só existe nos Açores, ligeiramente adocicado.
O cientista, além de concluir que o chá dos Açores “é mais rico”, quer agora criar condições para explorar esta potencialidade do chá verde, destacando que o aminoácido, meia hora depois de ingerido, chega ao cérebro e vai estimular os neurotransmissores como a acicolina, que combate o Alzheimer e a Doença de Parkinson, por exemplo.
Explicou ainda que o aminoácido identificado no chá dos Açores possui um “efeito contrário” a excitantes como a cafeína, surgindo como um relaxante natural sem efeitos secundários como a sonolência, como nas benzodiazepinas, conhecido como Xanax.
O investigador declarou que o aminoácido tem também efeito sobre as ondas que o cérebro emite, “aumentando a criatividade” no ser humano. José Batista, que já colaborou com o Instituto de Oncologia do Porto no desenvolvimento de metodologias que ajudam a diagnosticar o cancro em fase prematura, fez a opção pelo estudo do chá devido à sua riqueza em antioxidantes.
O chá foi introduzido nos Açores no século XIX, tendo a planta vindo do Brasil, sendo esta a única região europeia a produzir esta cultura. Mantêm-se hoje duas unidades, as fábricas da Gorreana, um negócio de família que começou em 1883, e Porto Formoso, ambas no concelho da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel.
ZAP // Lusa