Sobrinho passou imóveis para nome dos filhos para evitar perdê-los para a Justiça

António Cotrim / Lusa

Álvaro Sobrinho passou seis imóveis do Estoril-Sol para o nome dos filhos de forma a precaver a perdas das propriedades para a Justiça portuguesa.

Desde 2011 que o ex-líder do BES Angola (BESA), Álvaro Sobrinho, é investigado pelas autoridades portuguesas. Na altura, a 10 de outubro, o tribunal decretou o arresto de seis imóveis do Estoril-Sol, no valor total de 9,3 milhões de euros.

Para evitar perder os imóveis para a Justiça, Álvaro Sobrinho passou-os para nome dos filhos, escreve o jornal ECO.

O luso-angolano está acusado de 23 crimes, por um alegado desvio de cerca de 370 milhões de euros, entre 2007 e 2012. O dinheiro desviado permitiu-lhe adquirir, entre outras coisas, várias propriedades em Portugal. Entre os imóveis em causa, estão seis frações do condomínio de luxo Estoril-Sol.

“O custo da aquisição das mesmas foi suportado com fundos ilicitamente apropriados das contas do BESA domiciliadas no BES. Por decisão judicial, de 2011, foram objeto de arresto esses mesmos apartamentos e respetivos lugares de garagem”, lê-se no despacho do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

O despacho detalha ainda que “de forma a assegurar que se mantinham a salvo de novas medidas de garantia patrimonial”, Sobrinho decidiu “ir removendo formalmente da sua esfera jurídica património que pudesse vir a ser declarado perdido, no decurso da investigação, por via de transmissão gratuita aos seus filhos”.

Assim, o empresário doou ao filho Gonçalo Afonso Dias Madaleno e à filha Joana Afonso Dias Madaleno os seis imóveis do Estoril-Sol.

O DCIAP conclui que “agiu o arguido com o propósito de transferir os bens por si adquiridos, com as vantagens obtidas com a prática de crimes, para a esfera jurídica de terceiros, visando, desse modo, evitar a perda desses bens […]”.

Dos alegados 390 milhões de euros desviados, cerca de 15 milhões de euros terão ido parar ao Sporting CP e cerca de 2,5 milhões terão sido utilizados na compra de relógios e jóias.

A investigação ao caso BESA permitiu ainda identificar 21 sociedades offshore com sede em diferentes paraísos fiscais, que tinham Sobrinho como beneficiário.

ZAP //

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