A síndrome do coração partido, ou miocardiopatia de takotsubo, ocorre quando os músculos do coração enfraquecem subitamente, fazendo com que o coração mude de forma.
O novo estudo revela que o cérebro parece ter um papel nesta condição. Investigadores descobriram que, em pessoas que desenvolvem a síndrome do coração partido, áreas do cérebro responsáveis por controlar a resposta ao stress não funcionam tão bem como nas pessoas sem a síndrome. Os resultados foram publicados na revista European Society of Cardiology.
A síndrome do coração partido tem sintomas semelhantes a um ataque cardíaco, incluindo dor no peito e falta de ar. A condição é normalmente causada por emoções ou stress extremos, como a perda de um ente querido, o término de um relacionamento ou ansiedade constante.
Embora possa ter consequências duradouras, a maioria das pessoas que desenvolvem a doença recuperam-se completamente sem nenhum dano permanente no coração, de acordo com o Centro de Informações sobre Doenças Genéticas e Raras.
Mas ainda não é claro porque é que algumas pessoas desenvolvem esta condição e outras não, disse Jelena-Rima Ghadri, investigadora do Hospital Universitário de Zurique, na Suíça. Como é tipicamente desencadeada por emoções extremas, Ghadri e a sua equipa decidiram examinar o papel do cérebro.
A equipa analisou os cérebros de 15 pacientes do sexo feminino que tinham sofrido no passado da síndrome. Os scans do cérebro ocorreram em 2013 e 2014 e as pacientes foram diagnosticadas, em média, cerca de um ano antes do exame.
Os mapeamentos cerebrais foram comparados com outros 39 exames cerebrais, realizados em pacientes sem síndrome do coração partido. Os investigadores descobriram que pessoas com a doença tinham menos conexões entre as regiões cerebrais associadas ao processamento emocional e o sistema nervoso autónomo, que controla os processos automáticos nos nossos corpos, como o piscar de olhos e batimentos cardíacos.
Os neurónios formam conexões para “conversar” entre si e enviar sinais através do cérebro. Se essas conexões estão dispersas, diferentes regiões do cérebro não conseguirão comunicar suficientemente bem para formar uma ação – como uma resposta apropriada a uma situação stressante.
Estudos anteriores mostraram que a atividade anormal na amígdala – uma área do cérebro relacionada com o medo – tem sido associada a um risco aumentado de doença cardíaca. Mas a forma como menos “conversa” entre regiões leva às mudanças características da síndrome do coração partido ainda não é conhecida.
Além disso, como os investigadores não têm imagens cerebrais dos pacientes antes de desenvolverem a síndrome do coração partido, não podem dizer se a diminuição da comunicação pode estar a levar à síndrome do coração partido ou se o desenvolvimento da síndrome está a levar à diminuição da comunicação no cérebro.
Ghadri disse que espera que investigações futuras possam desvendar estas descobertas e ajudar os médicos a entender quem está em risco de contrair a síndrome do coração partido e porquê. A síndrome do coração partido “claramente envolve interações entre o cérebro e o coração”, disse Ghardi. É “na verdade uma síndrome cérebro-coração”.
A miocardiopatia de takotsubo – ou cardiomiopatia do stress – é reconhecida como causa de insuficiência cardíaca aguda, arritmias ventriculares letais e rotura cardíaca. O nome “takotsubo” vem de uma palavra em japonês para um tipo de armadilha de polvos, devido ao formato em que se dispõe o ventrículo esquerdo na doença.
ZAP // Science Live