Cyril Van Lynden / Inrap

O sarcófago pertencia a uma mulher com cerca de 40 anos que pertencia às elites da cidade de Reims, que era uma das maiores do Império.
Numa descoberta sem paralelo, uma equipa de arqueólogos desenterrou um sarcófago romano intacto e não saqueado, datado do século II d.C. O achado foi feito numa vasta necrópole antiga na cidade de Reims, no nordeste de França, outrora uma das maiores cidades do Império Romano e a capital da Gália Bélgica.
O sarcófago, feito de calcário rugoso, foi encontrado selado com oito fechos de ferro e uma pesada tampa de pedra que pesa aproximadamente 770 quilogramas. Análises com raios-X e tecnologia de câmara endoscópica deram um primeiro vislumbre do seu conteúdo, revelando um esqueleto humano e vários artefactos funerários.
“É excecional, é a primeira vez que encontrámos uma tomba que está intacta e que não foi saqueada”, explica Agnès Balmelle, diretora científica e técnica assistente do Instituto Nacional Francês de Pesquisa Arqueológica Preventiva (INRAP), ao jornal francês Le Parisien
Acredita-se que a falecida seja uma mulher da elite que morreu por volta dos 40 anos, conforme evidenciado pelos acessórios de beleza de alta qualidade encontrados com os seus restos mortais. Estes incluem um pequeno espelho, um anel de âmbar e um pente, todos destinados a uso no além. O túmulo também continha quatro lamparinas de óleo e dois frascos de vidro, possivelmente para conter óleos perfumados.
Balmelle acrescentou que o esqueleto ocupava totalmente o interior do sarcófago, com 1,53 metros de comprimento, restando apenas espaço suficiente para estes acessórios. A escala e a natureza intacta do túmulo sugerem que a mulher detinha um “estatuto especial” na sua comunidade, relata o Live Science.
A necrópole estende-se por uma área de 1200 metros quadrados e é uma de várias necrópoles que se situavam para além das antigas fortificações de Reims. Mais de 5000 sepulturas antigas foram descobertas em Reims desde a descoberta do primeiro cemitério no século XIX. Infelizmente, a maioria destas foi saqueada e muitos artefactos foram destruídos durante a Primeira Guerra Mundial.
Nas imediações do sarcófago recentemente descoberto, foram encontrados mais 20 enterros com restos humanos tanto cremados como sepultados. Os investigadores pretendem adicionar estes a um banco de amostras já existente das necrópoles de Reims. As análises de ADN comparativas poderão oferecer mais informações sobre se a mulher pertencia à elite local ou estrangeira.