Pedro Sánchez faz nova tentativa com Podemos para desbloquear impasse

ZIPI / EPA

O primeiro-ministro espanhol e líder do PSOE, Pedro Sánchez, com o líder do Podemos, Pablo Iglesias

O primeiro-ministro espanhol anunciou que vai voltar a encontrar-se com o líder do Unidas Podemos para tentar desbloquear o atual impasse. O El Mundo avança que Sánchez já ofereceu pastas da Juventude e Comércio e presidência do Congresso ao Podemos.

“É importante rebobinar e voltar ao ponto de partida” das negociações, disse o socialista Pedro Sánchez numa entrevista à televisão pública espanhola (RTVE), acrescentando que vai falar ainda hoje com Pablo Iglesias para propor que as duas partes voltem à mesa de negociações.

O PSOE (Partido Socialista Espanhol) ganhou as eleições legislativas de abril com 123 deputados num total de 350, mas até agora não conseguiu os apoios necessários para assegurar a investidura de Sánchez, que se vai realizar na semana que se inicia a 22 de julho. Os votos do Unidas Podemos são imprescindíveis à recondução do socialista, depois de todos os partidos à direita do PSOE já terem confirmado que vão votar contra.

A formação de extrema-esquerda exige a entrada de dirigentes seus, como ministros, no futuro Governo espanhol, possibilidade que os socialistas recusam terminantemente, preferindo apenas o seu apoio parlamentar e avançando apenas com a eventual concessão de lugares intermédios de poder (secretarias de Estado e direções-gerais).

No entanto, segundo o El Mundo, o secretário-geral do PSOE já chegou a oferecer ao Podemos as pastas da Juventude e do Comércio e a presidência do Congresso nas negociações. Os socialistas negam que a oferta alguma vez tenha existido e afirmam que Iglesias pediu para ser vice-primeiro-ministro, algo que o Podemos também desmente.

A alegada oferta do primeiro-ministro consistiria em duas pastas recém-criadas que não afetariam a estrutura principal do atual Governo, fazendo com que pudesse manter o controlo sobre todas as áreas do Executivo, escreve o Expresso.

Numa entrevista recente à Telecinco, citada pelo semanário, Iglesias recusou-se a falar sobre uma eventual oferta de ministérios “porque seria uma falta de respeito” mas acabou por acrescentar que “é verdade que no final tudo se sabe”.

Na entrevista à RTVE, Sánchez explicou que discrepâncias importantes “de fundo”, entre o PSOE e a Unidas Podemos, em questões de Estado, como a crise na Catalunha, levaria à paralisação de um eventual Executivo de coligação em que a extrema-esquerda estivesse presente no Conselho de Ministros.

O chefe do Governo deu como exemplo o facto de o Unidas Podemos admitir o direito à autodeterminação daquela região de Espanha que tem um forte movimento independentista.

Mesmo com o apoio do Unidas Podemos, Sánchez terá de negociar o apoio de outros partidos ou, na pior das hipóteses, a sua abstenção numa segunda volta, quando apenas precisar da maioria dos votos expressos.

“Precisamos de ter um Governo que não dependa das forças independentistas”, disse Sánchez, numa alusão ao Executivo anterior, da sua responsabilidade, que inicialmente recebeu o apoio dos partidos separatistas presentes no Parlamento, que acabaram por ser os principais responsáveis pela sua queda ao retirar-lhe o apoio.

O chefe do Governo espanhol voltou a pedir à direita, PP (Partido Popular) e Cidadãos (Liberais), que “facilitem a formação do novo Executivo através da sua abstenção, mostrando-se mesmo “disposto a negociar” essa posição.

“Não contemplo nem trabalho com um cenário de repetição eleitoral”, assegurou Sánchez, ao mesmo tempo que criticava a direita por “não deixar de falar de constitucionalismo e sentido de Estado, mas impede a constituição de um Governo”.

A falta de progressos para formar Governo, três meses depois das legislativas, leva os analistas a avançarem cada vez mais com a possibilidade de que seja marcada uma nova consulta eleitoral.

Os socialistas foram o partido mais votado, com quase 29% dos votos, mas outros quatro partidos tiveram mais de 10%, acentuando a grande fragmentação política do país.

O PSOE tem 123 deputados eleitos (28,68% dos votos), o PP 66 (16,70%), o Cidadãos 57 (15,86%), a coligação Unidas Podemos 42 (14,31%), o Vox (extrema-direita) 24 (10,26%), tendo os restantes sido eleitos em listas de formações regionais, o que inclui partidos nacionalistas e independentistas.

ZAP // Lusa

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