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Videojogos: salários aumentaram 30%. “As empresas não têm outra escolha”

Empresas japonesas dedicadas aos videojogos tentam suavizar o ambiente duro e tenso pelo qual os funcionários passam.

Os trabalhadores da Capcom no Japão passaram a receber um salário 30% superior, a partir de Abril deste ano. E passaram a ter mais bónus financeiros, dependendo do desempenho da empresa.

A revisão foi feita para “promover o investimento estratégico” nos seus recursos humanos e tem também como objectivo oferecer um ambiente de trabalho “confortável” para os seus funcionários, explicou a empresa.

A Capcom é a responsável, por exemplo, pela criação do jogo Resident Evil.

No mesmo mês, Abril, os salários base de todos os trabalhadores da Bandai Namco subiram, em média, mais de 360 euros.

O salário de quem está a dar os primeiros passos na empresa era de 1.680 euros e passou a ser de 2.100 euros – subida de 25%, neste caso.

A Bandai Namco Entertainment desenvolveu, entre outros, o Pac-Man (ainda enquanto Namco).

Pouco depois, a Koei Tecmo seguiu os passos das concorrentes e, a partir de Maio, todos os seus funcionários no Japão passaram a receber mais 23%.

“Com base na crença de que os recursos humanos são o activo mais importante do grupo, há muito tempo que estamos a trabalhar em medidas para melhorar a satisfação dos nossos funcionários enquanto trabalham”, explicou a Koei Tecmo, responsável por Nioh.

A ideia base dos responsáveis é precisamente essa: melhorar as condições para os trabalhadores, tentando tornar os locais de trabalho mais acolhedores e sustentáveis ​​- num ambiente de estúdios de desenvolvimento de jogos marcado pela pressão e pela tensão.

O portal Inverse destaca que têm surgido muitas queixas em empresas de jogos de vídeo, sobre ambientes de trabalho “tóxicos”, más condutas, dificuldades em trabalhar, salários baixos e gestão demasiado rígida.

Serkan Toto, director-executivo da Kantan Games, explicou: “Isto não se trata de as empresas serem simpáticas, ou partilharem lucros, ou mudarem de ideias sobre o tratamento dos seus funcionários. Se querem manter as suas equipas, as empresas não têm escolha“.

“E criar jogos de vídeo é muitas vezes visto como um trabalho de «paixão» para justificar longas horas de trabalho e salários estagnados. Trabalhos de paixão não são bem pagos em muitos países, mas isso vê-se mais no Japão”, continuou.

Por isso, no geral os trabalhadores de videojogos noutros países recebem salários maiores do que os que são pagos no Japão. No entanto, “muitas empresas estão a implementar grandes mudanças para reter funcionários”.

Além disso, no caso do Japão há um problema extra: “O talento é muito escasso no Japão – um país com uma população cada vez menor e cada vez mais idosa, mas ao mesmo tempo difícil para a imigração”.

As empresas tentam também dar mais flexibilidade aos seus funcionários, permitindo um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal.

A semana de quatro dias passou a ser opção na Game Freak, criadora do Pokémon – mas quem trabalha quatro dias recebe 80% do salário que recebia.

ZAP //

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