Salários “nos níveis mais elevados que alguma vez foram pagos”, disse Centeno. Economia vai crescer menos do que o previsto e há otimismo na inflação e excedente orçamental.
O governador do Banco de Portugal (BdP), disse esta sexta-feira que os salários em Portugal estão nos níveis mais elevados alguma vez pagos.
“Os salários em Portugal hoje também estão nos níveis mais elevados que alguma vez foram pagos”, afirmou Mário Centeno, na apresentação do Boletim Económico de outubro, no Museu do Dinheiro, em Lisboa.
O responsável do banco central português destacou que à imagem do que acontece na Europa e nas maiores economias mundiais, o mercado de trabalho em Portugal tem-se mostrado resistente. “O emprego em Portugal está nos níveis mais elevados registados no país”, disse.
Segundo Mário Centeno, o conjunto dos salários reais conseguiu recuperar apesar do processo inflacionista.
O Banco de Portugal prevê, no Boletim Económico, que o mercado continue a apresentar uma situação favorável, apesar da quase estabilização do emprego e espera “um aumento dos salários reais”. O banco central projeta uma taxa de desemprego de 6,5% este ano, de 7,1% em 2024 e de 7,3% em 2025.
Economia vai crescer menos que o previsto
O BdP manteve a previsão de crescimento de 2,1% da economia portuguesa para este ano, mas reviu em ligeira baixa a do próximo ano, para 1,2% — uma percentagem mais baixa do que a prevista no Orçamento de Estado para 2024, estabelecida em 1,5%.
No Boletim Económico de dezembro, a instituição liderada por Mário Centeno vê a economia portuguesa a crescer 2,1% em 2023, projeta um abrandamento em 2024, para 1,2%, e uma recuperação do crescimento nos anos seguintes, para 2,2%, em 2025 e 2,0% em 2026. Em outubro, apontava para uma taxa de 2,1% este ano, 1,5% em 2024 e 2,1% em 2025.
Otimismo na inflação e excedente
O BdP está mais otimista sobre a descida da inflação em Portugal no próximo ano, prevendo agora uma taxa de 2,9%.
No Boletim Económico de dezembro, a instituição liderada por Mário Centeno prevê que a inflação mantenha uma trajetória descendente, com a variação anual do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) a reduzir-se de 5,3% em 2023 para 2,9% em 2024 e 2% em 2025 e 2026. Em outubro, o banco central apontava para uma taxa de 5,4% este ano, de 3,6% em 2024 e de 2,1% em 2025.
Prevê-se ainda um excedente orçamental de 1,1% do PIB este ano, acima dos 0,8% esperados pelo Governo, e que o rácio da dívida caia para 101,4%, segundo as previsões hoje divulgados.
“Estima-se que o excedente este ano possa atingir 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB), acima dos 0,8% previstos no Orçamento do Estado para 2024 (OE2024)”, indica o Boletim Económico de dezembro.
A instituição liderada por Mário Centeno assinala, contudo, que apesar deste efeito base positivo, “o cenário macroeconómico menos favorável coloca o saldo previsto para 2024 em 0,1%”, próximo dos 0,2% previstos no OE2024, entregue pelo executivo em outubro.
O Banco de Portugal (BdP) prevê ainda um rácio da dívida pública de 101,4% este ano, de 96,8% em 2024, de 92,3% em 2025 e de 87,9% em 2026.
ZAP // Lusa