Se há empresas que estão disponíveis para pagar, é porque os atletas valem isso. E o estatuto do ciclista já chegou a outro patamar.
Tadej Pogačar é considerado por muitos o melhor ciclista da actualidade e um dos melhores de sempre.
O jovem de 26 anos colocou a Eslovénia nas notícias ligadas ao ciclismo (tal como Primož Roglič) ao vencer três edições da Volta a França, uma Volta a Itália e diversas outras provas de topo.
Ainda neste ano foi campeão mundial de estrada, já depois de ter vencido o Tour e o Giro; tudo em 2024. Também já ganhou em Portugal – uma Volta ao Algarve, em 2019.
Com este currículo, o número 1 da tabela UCI chegou ao topo também do salário: quando renovou com a UAE Team Emirates, há umas semanas, assinou contrato até 2030.
E vai receber a quantia “modesta” de 8 milhões de euros por ano – mais prémios. Serão cerca de 50 milhões de euros até ao final do contrato. Com cláusula de rescisão de 200 milhões de euros.
O mundo do ciclismo não está habituado a estes números “do futebol”. Começaram a surgir críticas, queixas.
Mas o director da UAE, Joxean Fernández, não vê qualquer escândalo. E faz uma comparação com um nome que conhecemos muito bem: “Alguém que me diga que o Cristiano Ronaldo ganha muito. Pois, repara: se ele cria isso, que cobre”.
“Se há equipas, empresas ou sociedades capazes de lhes pagar estes valores, a realidade é que eles valem isso”, cita o Eurosport.
Refira-se que, no Al-Nassr o futebolista português recebe um salário bruto anual de 200 milhões de euros.
Voltando ao ciclismo, o director não esconde: “Nunca vi nada assim. O que acontece com o Pogačar eu nunca tinha visto”.
E, explica Joxean, o estatuto do ciclista entrou noutro patamar, mesmo longe das provas: “Já nem entro só no contexto desportivo: nunca tinha visto um ciclista a juntar 200 pessoas à porta de um hotel. As pessoas querem tirar fotografias com ele. Isto não acontecia”.